Transporte

Redução de 10% na frota de ônibus começa a valer nesta segunda-feira

Rodoviários e infectologistas consideram que faltou transparência para adoção da medida

Jéssica Moura
postado em 07/12/2020 11:39 / atualizado em 07/12/2020 11:39
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Apesar das recomendações de distanciamento social para evitar os contágios pelo novo coronavírus, começou a valer, nesta segunda-feira (7/12), uma redução na frota de ônibus do Distrito Federal. Segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), 277 coletivos deixam de circular até 7 de fevereiro.

De acordo com a pasta, a diminuição de 10% na quantidade de veículos ocorreu porque a demanda nesse período de férias e recessos de fim de ano também costuma cair. Outro argumento é que o sistema tem transportado apenas 55% dos usuários e que a readequação será feita nas linhas de menor movimentação e que costumam ser usadas por estudantes.

No entanto, os passageiros reclamam dos ônibus lotados. É o que mostra um levantamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Cerca de 66% dos usuários do sistema de transporte que responderam à pesquisa classificaram como "péssima" a lotação dos veículos.

Para o presidente do sindicato dos Rodoviários, Jorge Farias, ainda que anualmente a redução na frota ocorra, a medida, em 2020, foi precipitada. "Este ano é um ano atípico, no nosso entendimento não era a hora de estar fazendo", afirmou. "Vamos perguntar para os companheiros se os carros estão realmente vazios. A gente acredita que tem muita gente na rua ainda, só depois do dia 25 é que as pessoas vão se afastando e viajando", ponderou Farias.

"Qualquer redução vai implicar em aglomeração", ressalta a infectologista Eliana Bicudo. A médica cobra a apresentação de dados estatísticos pelo governo que respaldem a medida. "Eu acho que está faltando transparência para justificar a exposição da população e dos trabalhadores a esse risco", frisa.

Eliana destaca ainda que "toda vez que a gente aglomera, junta, fica próximo, grudado um ao outro, como acontece no transporte coletivo, é assim que a gente se contamina". Para ela, o risco aumenta pelo fato de que as janelas nos ônibus articulados não abrem. Além disso, no período chuvoso, os passageiros tendem a deixá-las fechadas. "O certo é que os ônibus andem vazios, e todo mundo sentado".

Alguns especialistas já consideram que o DF passa por uma segunda onda de covid-19. A capital acumula 233.731 casos confirmados da infecção, 355 nas últimas 24h. Ao todo, 3.985 pessoas morreram em decorrência da doença desde o início da pandemia.

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