Dados do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde, nesta terça-feira (1º/12), revelam que os casos de infecção pelo vírus HIV aumentaram em 2019 no Distrito Federal. Ao todo, foram 752 notificações contra 701 em 2018. De acordo com a Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), de 2014 a 2019, foram notificados 4.102 casos de infecção pelo HIV e 2.150 casos de aids.
No mesmo período, também houve aumento, embora mais tímido, quando comparado os dois anos, dos casos diagnosticados com Aids – doença causada pelo vírus HIV. Foram 294 casos confirmados no ano passado, oito a mais que no ano anterior. A divulgação ocorre no dia em que se inicia a campanha Dezembro Vermelho – mês de luta contra a Aids.
O casos de infecção pelo vírus HIV e diagnóstico da Aids também cresceram entre a população acima dos 60 anos, entre os anos de 2014 e 2019. Em seis anos, os casos de HIV em maiores de 60 anos, em ambos os sexos, variou 275%. De acordo com o informativo, em 2014 havia 1,3 casos de HIV em homens para cada caso em mulheres. Em 2019, passou a ser 5 casos em homens para cada caso em mulheres. “Essa população é sexualmente ativa, mas ainda encontra barreiras e tabus quando o assunto é sexualidade. É preciso falar abertamente sobre o tema e alertar esse grupo sobre a importância de se prevenir.”, observa a gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Beatriz Maciel Luz.
O levantamento também traz aumento de 25,2% dos casos em jovens entre 20 e 29 anos em 2019, (de 13,1 para 16,4 casos de aids em homens para cada caso em mulheres). Dos casos detectados no sexo masculino, houve redução de 24,4% apenas os indivíduos que estão na faixa etária entre 15 e 19 anos. Nas mulheres, a redução ocorreu em todas as faixas etárias, com exceção daquelas que têm entre 15 e 19 anos e 50 e 59 anos, onde o aumento foi de 5,9%.
Em 2019, de acordo com o boletim, 92% das pessoas em tratamento com medicamentos antirretrovirais apresentaram carga viral indetectável. Ou seja, a situação pode indicar que, apesar do aumento da infecção pelo vírus HIV, a adesão ao tratamento também pode ter aumentado, o que reflete também na redução no número de casos de doentes com Aids.
Os casos de Aids tiveram redução entre os anos de 2014 e 2018. Em 2019, porém, o aumento foi de 2,8%. Já os casos de HIV cresceram durante todos os anos do período citado anteriormente.
Dia Mundial da Luta contra a Aids
Nesta terça-feira (1º/12), Dia Mundial de Luta contra a Aids, para marcar o início da campanha Dezembro Vermelho, mês da conscientização e combate à doença. O Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde e a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) abrem a exposição Indetectável, na Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto. A exposição ficará no local até sexta-feira (4/12).
A exposição é composta por fotos, relatos e histórias de vida de 13 pessoas que estão com vírus HIV indetectável no organismo. São registros sensíveis, partilhados voluntariamente, que contam sobre o tratamento e a luta contra o estigma; os medos e angústias, as conquistas e motivações. Veja a galeria de fotos.
Situação epidemiológica por região
Entre os anos de 2014 e 2019, o Riacho Fundo I foi a região administrativa do DF que apresentou maior aumento nos casos de Aids e HIV. Eram 17,3 casos de Aids por 100 mil habitantes e, no ano passado, saltaram para 30,1 casos por 100 mil habitantes, ou seja, um aumento de 74%. Em relação ao HIV, a infecção pelo vírus atingia, em 2014, 7,4 casos para cada 100 mil habitantes. Esse número cresceu 524%, passando em 2019 para 46,2 infecções para cada 100 mil habitantes.
O Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), que não tinha casos registrados de infecções por HIV nos anos anteriores, notificou, em 2019, dois casos. O coeficiente de detecção do vírus foi de 74,6 casos por 100 mil habitantes.
Quando se compara 2014 com 2019, o aumento de detecção de HIV também foi maior em Sobradinho, que apresentava, em 2014, o coeficiente de infecção entre 10 e 20 casos por 100 mil habitantes, ficando entre 30 e 40 em 2019. No Gama, também houve aumento, passando de 20 a 30 casos para cada 100 mil habitantes em 2014 para 30 a 40 casos por 100 mil habitantes em 2019.
O Cruzeiro aparece com redução na taxa de infecção pelo vírus, que era entre 40 e 50 casos por 100 mil habitantes em 2014 regredindo para entre 10 e 20 casos para cada 100 mil habitantes. Também houve redução em Sobradinho II, Vicente Pires, Taguatinga, Candangolândia e Lago Sul.
Dos casos de Aids, o Paranoá se manteve com o coeficiente de detecção entre 17 e 23 casos por 100 mil habitantes entre 2014 e 2019. Também ficaram estáveis as regiões de Sobradinho II, Santa Maria, Ceilândia, Riacho Fundo II, Varjão e Planaltina, com coeficiente de 6 a 12 casos por 100 mil habitantes. As demais regiões administrativas apresentaram redução, sendo a mais significativa no Lago Norte, que tinha em 2014 o coeficiente de detecção de 23 a 30 casos por 100 mil habitantes regredindo para 0 a 6 casos em 2019.
Outras regiões que apresentaram maior redução nos coeficientes foram Lago Sul, Guará e Taguatinga, passando de 23 a 30 casos por 100 mil habitantes para 12 a 17.
Mortalidade por Aids
O coeficiente de mortalidade por aids (por 100 mil habitantes), no Distrito Federal, de 2014 a 2019, apresentou redução de 30% passando de 4,6 para 3,2 óbitos por 100 mil habitantes. Nesse período, a Região de Saúde Norte (Planaltina, Sobradinho, Sobradinho II e Fercal) foi a única que apresentou aumento (81%), passando de 1,7 para 3,1 óbitos por Aids a cada 100 mil habitantes.
As maiores reduções foram observadas nas Regiões de Saúde Sul (Gama e Santa Maria) e Centro-Sul (Guará, Estrutural, Sia, SCIA, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Park Way, Riacho Fundo I e Riacho Fundo II), com 53,5% e 52,7%, respectivamente.
Em 2019, as Regiões Oeste (Ceilândia, Brazlândia e Sol Nascente/Pôr do Sol), Sul e Leste (Paranoá, Itapoã, São Sebastião e Jardim Botânico) apresentaram coeficientes de mortalidade por Aids superiores aos do Distrito Federal como um todo. Nesse mesmo ano, o coeficiente na Região Centro-Sul voltou a crescer, com 22,2% de aumento. A Região Norte também apresentou aumento (21,5% em relação a 2018).
No Distrito Federal, a queda foi de 15,2%, comparados os dois últimos anos analisados. Em números absolutos, foram 671 mortes por Aids entre 2014 e 2019, sendo 73,2% (491) em homens e 26,8% em mulheres (180).
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Em todas as 172 unidades básicas de saúde e no Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), localizado na Rodoviária do Plano Piloto, são oferecidos testes, sendo na maioria rápidos, para detecção do HIV. Essas unidades disponibilizam, durante todo o ano, preservativos masculinos e femininos e gel lubrificante.
A rede pública de saúde oferece a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) disponibilizada no Hospital Dia e no Hospital Universitário de Brasília, como estratégia de prevenção, além do uso de preservativos. A PrEP é disponibilizada para populações de maior vulnerabilidade e que tenham práticas de maior risco para infecção pelo HIV.
Também está disponível em toda a rede a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). É uma forma de prevenção da infecção pelo HIV com o uso de medicamentos que fazem parte do coquetel utilizado no tratamento da Aids para pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente, por meio da exposição ocupacional, no caso de profissionais de saúde, por exemplo, ou pela exposição sexual ocorrida em casos de sexo sem camisinha ou de violência sexual. A PEP está disponível em todos os serviços de urgência e emergência, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e no Hospital Dia.
Os casos positivos receberão direcionamento para tratamento específico em um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) em HIV/Aids. Nos SAEs são feitos exames complementares para averiguar a situação de saúde e o estágio da infecção para estabelecer o tratamento adequado com os antirretrovirais e outros medicamentos indicados, quando necessário. Ao todo, são oito unidades públicas de saúde especializadas: Hospital Dia (508 Sul), ambulatórios dos hospitais regionais de Sobradinho, Ceilândia e Universitário de Brasília e nas policlínicas de Taguatinga, Lago Sul, Planaltina e Gama.
*Com informações da Secretaria de Saúde (SES-DF)
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