MEMÓRIA

Em 2006, ao conhecer Brasília, Maradona celebrou vitória com espumante

À época, astro veio à capital federal para um desafio de showbol entre Brasil e Argentina no Nilson Nelson; veja imagens. Diego morreu nesta quarta-feira (25/11), aos 60 anos

Em 18 de fevereiro de 2006, Brasil e Argentina se enfrentaram no Ginásio Nilson Nelson, com jogadores do duelo das oitavas de final da Copa do Mundo de 1990, como Maradona, Careca e Dunga. O craque argentino, no entanto, concentrou toda a atenção, além de causar tumulto, no que foi a primeira visita à capital brasileira.

À época, a disputa era de showbol, uma variação do futsal em que a bola não para, um confronto marcado pela rivalidade e sabor de reencontro. Aos 45 anos, Diego Armando Maradona, o próprio carrasco do Brasil, estava visivelmente recuperado se tratando da forma física e abuso de drogas.

"Vai ser um grande jogo, é uma oportunidade de rever os amigos, como Taffarel", disse ele, ao chegar em Brasília, sem saber da ausência do goleiro brasileiro das Copas de 1990, 1994 e 1998.

A chegada de Maradona foi marcante e concentrou a atenção da imprensa nacional. Ainda no saguão do aeroporto, por causa do tumulto, mesas e cadeiras foram derrubadas. No hotel, a situação se repetia. O craque, no entanto, manteve o sorriso, ao contrário da fama de mal-humorado.

Naquele sábado, cerca de 5 mil pessoas foram prestigiar os jogadores. A vitória por 8 a 4 ficou com a Seleção Argentina. Dieguito, como era chamado, ao fim da partida em que comandou a conquista, recebeu um troféu entregue por políticos da época e o ex-capitão e jogador Dunga.

Arquivo/Correio Braziliense - Página do jornal Correio Braziliense em 2006

Primeira noite em Brasília

A primeira noite de Diego Maradona em Brasília foi longa. Hospedado no Kubitschek Plaza, no Setor Hoteleiro Norte, ele havia saído do hotel apenas para ir a um único treino antes do embate com a seleção de veteranos do Brasil. Ao voltar do treinamento, o jogador jantou no próprio hotel e permaneceu no bar da piscina até de madrugada. Nesse intervalo, 20 latinhas de energético e uísque foram comprados por um membro da delegação visitante em um supermercado próximo.

De acordo com funcionários do hotel, Maradona e o ex-zagueiro da seleção portenha Matías Almeyda chegaram a dançar em cima das mesas. Mas os jogadores teriam sido advertidos porque um dos hóspedes reclamou do barulho.

Ao subir para a suíte em que estava hospedado sozinho, Dieguito chegou a pedir sete champanhes importados e cinco tira-gostos com torradas. O jogador só foi dormir quando o dia amanhecia. De lá, levantou-se apenas para seguir ao Nilson Nelson, às 18 horas, e ganhar dos brasileiros.

Noitada de celebridade

Arquivo/Correio Braziliense - Página do jornal Correio Braziliense em 2006

A vitória, de virada, sobre os antigos rivais, serviu como a desculpa perfeita para uma noite regada a espumante, vinho, uísque, mulheres e, claro, charutos cubanos na última noite do craque na capital.

Depois da conquista, Maradona chegou ao hotel esbanjando simpatia. O astro conversou com fãs, autografou camisas, posou para fotos e se recolheu. Passadas duas horas, o jogador e a equipe saíram em sete táxis rumo à churrascaria Porcão, no Setor de Clubes Sul.

Na entrada no restaurante, Dieguito disse que estava muito feliz por reencontrar os amigos, mas reconheceu que a vitória sobre os brasileiros não teve o mesmo gosto de anos atrás. “Que nada. Não é mais a mesma coisa. Foi uma partida para nos divertimos. Nós nos respeitamos muito, não existe mais aquela velha rivalidade, por isso não tem o mesmo sabor”, disse. "Mas foi um espetáculo, em que o respeito entre as pessoas foi o mais bonito."

Depois de fumar, beber várias taças de vinho e se esbaldar na carne brasileira, Maradona ainda trocou telefones com duas mulheres que jantavam na churrascaria. O craque ainda dançou e cantou para os jornalistas para provar que não se importava com o assédio.

Ao chegar de volta ao hotel, a delegação argentina se encontrou com a brasileira, onde a festa esquentou. Do saguão do hotel eram ouvidos os gritos e as cantorias.

O craque passou apenas dois dias na cidade e, segundo ele, o que viu foi suficiente para conquistá-lo, prometendo voltar outras vezes.

Morte de Diego Maradona

O ex-jogador e treinador argentino Diego Armando Maradona morreu nesta quarta-feira (25/11), aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória. As informações são do jornal Clarín. 

Segundo a publicação, Maradona morreu na casa em que estava, na cidade de Tigre, ao norte de Buenos Aires. Ele se recuperava de uma cirurgia na cabeça.

O ídolo argentino foi internado no começo do mês. Sua última aparição pública foi em 30 de outubro, dia em que completou 60 anos. Na ocasião, ele compareceu à partida de estreia do Gimnasia e Esgrima La Plata, do qual era treinador, no campeonato argentino, mas deixou o local após alguns minutos, com a ajuda de assistentes.

Além do meio esportivo, a morte de Maradona causou uma grande comoção. Na Argentina, o presidente Alberto Fernández decretou três dias de luto oficial no país

Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Arquivo/CB - 2006: Diego Maradona em Brasília
Paulo de Araújo/CB/D.A.Press - Visita de Maradona ao Distrito Federal, em fevereiro de 2006
Arquivo/Correio Braziliense - Página do jornal Correio Braziliense em 2006
Arquivo/Correio Braziliense - Página do jornal Correio Braziliense em 2006

*As informações desta reportagem foram retiradas do acervo do Correio Braziliense