Um dos políticos mais respeitados do Distrito Federal, o ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, 83 anos, morreu na noite dessa segunda-feira (23/11), vítima de câncer no pulmão. O político estava internado havia 17 dias no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul. Frejat descobriu um nódulo no pulmão em outubro deste ano durante tratamento de um cálculo renal. O velório está marcado para as 15h desta terça (24/11), no cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul. A cerimônia se encerra às 17h.
“Ele estava há cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), muito abatido e fraco”, contou a filha mais velha do médico, Graziela Frejat, 46 anos. O político completou duas sessões de quimioterapia, mas, segundo a família, ficou muito fragilizado durante o tratamento. “Todos estão muito abalados com a notícia. Ele foi um exemplo de força e de luta. Um gladiador”, descreveu a filha.
Frejat também foi reconhecido pelo serviço dedicado aos outros. “Deixa um legado muito bonito. Veio para Brasília tentar a vida e desenvolver um modelo de Sistema Único de Saúde para o Brasil inteiro. Sempre se dedicou às pessoas e à vida pública. Era um ser humano incrível”, descreveu Graziela. Ele deixa a esposa, quatros filhos e seis netos.
O ex-deputado deixou os holofotes da vida política em 2018 quando desistiu de concorrer ao Palácio do Buriti. Ele liderou as pesquisas de intenção de votos durante a pré-campanha, mas decidiu sair do pleito e rejeitar acordos. À época, disse que não aceitaria fazer um pacto com o diabo. Houve muitas interpretações, mas nem mesmo os aliados mais próximos sabiam dizer o real motivo de Frejat abdicar de um mandato quase certo, em torno do qual se uniam políticos como José Roberto Arruda, Alberto Fraga, Eliana Pedrosa, Alirio Neto e Ibaneis Rocha. Ele havia disputado o GDF em 2014 no lugar do ex-governador Arruda, barrado pela Justiça. Perdeu no segundo turno para Rodrigo Rollemberg (PSB).
Trajetória
Jofran Frejat nasceu em Floriano (PI) em 19 de maio de 1937. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1957, quando ingressou na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro. Após concluir o curso em 1962, mudou-se para Brasília.
Entre 1973 e 1979 foi diretor do Instituto Médico-Legal de Brasília e no ano seguinte foi nomeado para o cargo de secretário de Saúde do Distrito Federal, no governo de Aimé Lamaison (1979-1982), ocupado até 1983. O médico foi deputado por cinco mandatos, sendo um deles como constituinte. Assumiu a secretaria de Saúde do DF por quatro vezes entre os anos de 1979 e 2002. Também foi o fundador da Escola Superior de Ciência da Saúde (ESCS), mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs).
Luto
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decretou nesta segunda-feira (23/11) luto oficial de três dias pelo falecimento do médico. “Jofran Frejat é um exemplo que eu segui e espero continuar seguindo na vida pública. Para mim, sempre foi um modelo de político”, declarou Ibaneis, em nota oficial.
Além dele, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, reconheceu a importância do médico-cirurgião para a saúde da capital federal. “Foi durante sua gestão que foram construídos ou inaugurados os hospitais regionais de Ceilândia, Asa Norte, Paranoá e o Hospital de Apoio (...) A Secretaria de Saúde se solidariza com familiares e amigos de Frejat, que teve importante papel para o desenvolvimento da Rede Pública de Saúde do Distrito Federal”, frisou.
Ao Correio, o ex-senador Cristovam Buarque relembrou momentos com o “notável político” e colega. “Brasília perde um grande pioneiro, um grande político e um grande médico. E nós, que o conhecemos, perdemos um grande amigo”, sintetizou. Entre as lembranças, o político destacou a admiração pela pessoa forte e capaz que Frejat era. “Me impressionava a jovialidade dele. Me recordo de Frejat caminhando nos corredores do Senado. Sempre andava mais depressa que todos. Além disso, foi uma pessoa muito respeitada em toda a sua carreira política, por todos os lados. Aprendi a admirá-lo e a gostar muito dele”, completou Cristovam.
Colaboraram Alan Rios e Ana Maria Campos