Com 23% da população já infectada pelo novo coronavírus, a segunda onda de casos é uma realidade no Distrito Federal. É o que indica o estudo, divulgado nesta segunda-feira (23/11), feito por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), e Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Em nota técnica, os pesquisadores afirmam que, após um pico inicial registrado entre julho e setembro, houve uma queda no número de casos por semana, mas que o número de reprodução R0 voltou a crescer em todos os estados.
A pesquisa conclui que a segunda onda chegou a partir de avaliações do número de reprodução básico. O fator R0 determina o potencial de propagação de um vírus. Se ele é igual a 1, significa que cada paciente infectado contamina mais uma pessoa. De acordo com o levantamento, no DF, o número ultrapassa 1, o que acende o alerta.
"A situação no Brasil se deteriorou fortemente nas últimas duas semanas, e o início de uma segunda onda de crescimento de casos já é evidente em quase todos os estados, de forma particularmente preocupante nas regiões mais populosas do país", detalha a nota. "Tal situação decorre, como vem sendo observado em muitos outros países, de uma sistemática queda dos níveis de isolamento social, mas também da ausência de campanhas de esclarecimento e falsa sensação de segurança disseminada na população."
Infecção
O DF tem a quarta maior porcentagem, proporcionalmente, de população infectada no país, com 23% dos habitantes contaminados em algum momento, atrás apenas do Rio de Janeiro, com 29% da população infectada, do Amazonas, com 28%, e do Espírito Santo, com 27%.
De acordo com o levantamento dos pesquisadores, todos os estados estão muito distantes da real imunidade de rebanho, obtida quando a taxa de infecção da população está entre 60% e 70%.
O estudo avalia o número de novos casos da última semana, por 100 mil habitantes e mapeia o país por áreas de risco. Estados com valores de 0 a 25 casos por 100 mil habitantes estão na zona verde. Com 122 casos por 100 mil habitantes, o DF entra na zona laranja, alertando para situação crítica.
Segunda onda
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), já havia declarado que, caso a possibilidade de uma segunda onda se concretizasse, a capital federal estaria pronta para enfrentá-la. A Secretaria de Saúde informou ao Correio que fará um inquérito para avaliar o índice de transmissibilidade e a circulação da covid-19 no DF.
Para tanto, serão aplicados 10 mil testes. Em cada região administrativa serão sorteados 234 moradores para participar da testagem, assim, será possível saber se a pessoa tem os anticorpos do vírus ou se está infectada. Com essa medida, a pasta espera identificar eventuais riscos de uma segunda onda e adotar novas medidas de prevenção e combate à pandemia.
A pasta também informou que 150 mil testes rápidos, entregues em novembro pelo Ministério da Saúde, serão disponibilizados para as unidades de saúde do DF. Além disso, o Laboratório Central (Lacen) é reabastecido mensalmente com 18 mil kits