A chegada das primeira 120 mil doses da vacina contra o coronavírus, a Coronavac, no Brasil, na manhã desta quinta-feira (19/11), gerou expectativas no brasilienses. As imunizações foram levadas para São Paulo e não poderão ser usadas até a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Embora a vacina esteja mais perto, o infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecções Vinculadas à Saúde do Hospital Santa Lúcia, Wercicley Júnior explica que não necessariamente ela chegará rápido na capital federal."É uma vacina que está sendo estudada no DF também, encabeçada pela UnB (Universidade de Brasília), mas é um processo demorado. Aqui ainda está na fase de ampliar a testagem e aplicar em mais voluntários”, disse.
O infectologista afirmou que mesmo que o processo para a criação de uma imunização seja demorado, os estudos para a vacina de combate ao coronavírus está acelerado. “Estamos falando de uma vacina que já se tinha algum conhecimento do Sars (síndrome respiratória aguda grave). Estão modificando por se tratar de um novo vírus e estão trabalhando para que ela saia rápido”, destacou Werciley.
Ele ressaltou que o desenvolvimento de uma vacina dura em torno de cinco a sete anos. Tudo correndo bem com a Coronavac ela terá saído em menos de um ano. “Estamos falando de uma emergência e o processo acaba sendo mais acelerado. No DF, a expectativa é de que até o fim do ano saiam os resultados dos estudos. A vacinação deve ocorrer no segundo semestre do ano que vem”, avaliou.
Processos
Além da criação e produção da vacina, o infectologista destacou outros dois fatores que devem ser levados em consideração: a logística e a estocagem das imunizações. Segundo ele, tudo deve ser planejado até a liberação do uso do medicamento. “Provavelmente, não terá vacina para todos no primeiro momento. É preciso saber quem serão os primeiros imunizados. Em minha opinião, os grupos prioritários devem ser os de pessoas com mais risco. Depois, entende-se ao restante da população”, aconselhou.
Coronavac
As 120 mil doses que chegaram em São Paulo foram produzidas pelo laboratório chinês Sinovac e transportadas pela empresa Turkish Airlines até o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Enquanto o medicamento não pode ser usado, ficará armazenado a uma temperatura de 8 graus negativos.
A CoronaVac é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das vacinas mais promissoras do mundo contra a covid-19. Os resultados clínicos do imunizante foram publicados na revista científica Lancet Infectious Diseases, na última terça-feira (17/11), e mostram que a vacina é segura e tem capacidade de produzir anticorpos no organismo, 28 dias após sua aplicação, em 97% dos casos.