Latrocínio

Comoção na despedida de PM

Assassinado com um tiro no peito, o soldado Walisson Holanda Fernandes, 28 anos, foi enterrado na manhã de ontem. Ele morreu em casa, na segunda-feira, durante uma tentativa de assalto. Horas depois do crime, três suspeitos foram presos


Entre aplausos e lágrimas de saudades, amigos, familiares e colegas de farda de Walisson Holanda Fernandes, 28 anos, despediram-se do soldado, ontem. O PM foi assassinado na segunda-feira, em casa. O velório ocorreu às 9h no Cemitério de Taguatinga e recebeu mais de 100 pessoas. Compareceram oficiais de todas as unidades da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), além de integrantes do Corpo de Bombeiros.

Abaladas pela fatalidade, pessoas próximas à vítima preferiram permanecer isoladas durante o velório. Apesar disso, a Capela 2 do cemitério, onde ocorreu a despedida, não ficou vazia por nenhum momento. O tenente-coronel Renato Costa Reis, 47, responsável pelo 20º Batalhão da Polícia Militar (BPM) — unidade em que Walisson atuava — afirmou que o soldado era querido por todos. “Ele estava no batalhão havia apenas nove meses, mas era bem-visto pelos colegas. Dessa unidade, havia 30 policiais presentes ao enterro. É uma perda não só para a PMDF, mas para toda a sociedade”, disse Renato.

O oficial confirmou que parentes de Walisson estavam muito sensibilizados e que ficaram dentro da capela desde o início. Colegas de trabalho da vítima também não quiseram falar com a imprensa. Uma das poucas pessoas que aceitaram conceder entrevista foi Marina Santana Nunes, 18. A jovem, que estuda para o concurso da Polícia Militar, conheceu Walisson há dois anos, ao participar como convidada de uma formatura da corporação. “Ele sempre foi alegre, prestativo e pronto para ajudar. Era um profissional muito correto, um exemplo para todo mundo, muito brincalhão. Não tem nada de ruim sobre ele. É uma perda para a sociedade inteira”, lamentou Marina.

Em meio às lágrimas, Marina agradeceu pelos cinco anos em que Walisson esteve na PMDF. “Só temos a agradecer por esse tempo em que ele ficou na corporação, batalhando e defendendo vidas. Esses policiais saem de casa todos os dias, deixam a família para defender quem nem conhecem e não recebem o reconhecimento”, completou a estudante.

Sirenes e flores

Durante o velório, os presentes aplaudiram Walisson, e o som ecoou pelo cemitério. Por volta das 10h40, teve início o cortejo até o local do sepultamento. Ao longo do percurso, policiais prestaram continência ao soldado e, no momento do enterro, às 11h, houve nova homenagem, com mais uma salva de palmas. Colegas que estavam em carros da PMDF e dos bombeiros acionaram as sirenes dos veículos. Diversas pessoas levaram flores, colocadas no túmulo junto ao soldado. No fim, por volta das 11h30, militares dedicaram uma canção, executada com um trompete, à memória do jovem.

Walisson foi morto na segunda-feira, na garagem de casa, durante uma tentativa de assalto na QNP 17, em Ceilândia Norte. Os suspeitos — identificados como Vinícius Libório da Costa, 18; Valdomiro Ferreira Alves Júnior, 22; e Luciana Sammarco, 29 — tinham intenção de roubar o veículo do militar, uma Saveiro amarela equipada com som automotivo.

Os dois mais novos invadiram o imóvel do militar e, ao perceberem que o policial tinha uma arma, atiraram na vítima. Walisson conseguiu disparar contra a perna de Vinícius, mas, ferido no peito, precisou ser levado para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Ele passou por cirurgia, mas não resistiu e morreu. O trio foi preso horas depois do crime, em Águas Lindas (GO) — a cerca de 50km de Brasília.