Em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, a administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro, fala sobre a importância da representatividade negra nos espaços de poder e pontua alguns dos destaques à frente da sua gestão, como o projeto Viva W3 que abre a avenida para o lazer aos domingos.
Você é a primeira administradora negra do Plano Piloto. Qual é a importância desse cargo?
De fato é bastante simbólico. É uma honra ocupar essa cadeira, a primeira administradora negra do Plano Piloto. Já tivemos outras mulheres ocupando esse espaço, mas sou a primeira negra. E, isso se reveste de um simbolismo e representatividade muito grande. E, é o que a gente precisa.
Com esse cargo você tem mais possibilidade de ter mais ações afirmativas. Uma delas é sobre a valorização da consciência negra. Certo?
Amanhã (hoje) vamos inaugurar a exposição Reintegração de Posse, que trata da presença das pessoas negras na história da capital, tanto na construção e na dinâmica que foi criada Brasília. A gente está levando para um espaço que tem um maior fluxo de pedestres, que é a Galeria dos Estados. Vamos envelopar as paredes das paradas de ônibus. A exposição segue até fevereiro.
Tem outras ações previstas?
A gente tem várias ações celebrando o mês Novembro Negro, que na verdade deveria ser diário. A gente vai aproveitar não só o mês da consciência negra, mas, também, os 16 Dias de Ativismo, que é uma campanha mundial para o enfrentamento da violência contra a mulher. Vamos entrelaçar essas duas pautas de forma que a gente tenha quase 30 dias de exposição e debates públicos entre outras ações. Vamos divulgar os próximos eventos nas redes sociais.
Qual a sua visão sobre representatividade negra na política?
Ainda estamos completamente sub-representados. Precisamos avançar muito. A maioria da população brasileira é negra. Apesar disso, nós temos essa população sub-representada em quase todos os espaços de poder. Ou seja, a gente não tem uma representação proporcional à nossa população. Precisamos ampliar, principalmente, no Executivo e no Legislativo, porque são lugares onde as políticas públicas são pensadas e executadas. A desigualdade no Brasil se reflete no fazer político.
Quais as iniciativas que a senhora considera importantes?
Todas as ações afirmativas são uma forma de iniciar um processo de reparação histórica. Com as mulheres, a população negra, a população indígena e com as pessoas com deficiência que acabam sendo discriminadas nessa conformação social que a gente tem. Quando assumi a administração regional, foi uma das questões que fiz muito empenho para que acontecesse. Que tivesse na equipe essa diversidade. Tenho servidora trans, servidoras negras, com deficiência. Isso é superimportante para humanizar a administração pública.
Qual é a sua avaliação sobre a modernização da W3?
A W3, principalmente a W3 Sul, foi uma das avenidas mais importantes da cidade e que ficou abandonada em um processo de decadência. O que tem se buscado nesse governo é, justamente, a revitalização desses espaços. E várias iniciativas foram feitas, tanto do ponto de vista de infraestrutura, como com o projeto Viva W3, que está abrindo a W3 para pedestres e ciclistas nos finais de semana e fechando para os carros. Tem sido um sucesso, muito bem recebido pela população.
Quais ações estão previstas para 2021?
Muita coisa para fazer, muitas obras. Muita reorganização, porque a gente teve um impacto muito grande em termos de orçamento. A gente tem uma listinha de obras para fazer, mas estamos com um foco muito especial nas passagens subterrâneas, investimento de infraestrutura. E as passagens subterrâneas têm uma característica porque é o fluxo de pedestres que está envolvido ali. É segurança, principalmente na quadra 107/207 Norte.