ECONOMIA

'Temos de ser otimistas', diz presidente da Fecomércio sobre vendas do fim do ano

Representante do setor produtivo destaca que o mercado dá sinais de melhora, mas alerta sobre a importância de monitorar a covid-19

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, se mostra otimista com a recuperação da economia no fim do ano, depois de o setor produtivo amargar sérias perdas durante a pandemia do novo coronavírus. Ao programa CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, o empresário destaca a geração de 3 mil vagas temporárias no segmento e que o comércio está se reinventando com a pandemia. “Nesse momento, é preciso pessoas que tenham habilidade para ser vendedor. Evidentemente, é preciso que essa pessoa também tenha um pouco de treinamento”, afirma, ao apontar o perfil do empregado em tempos de retomada da atividade econômica.

Qual a previsão para as vendas no fim do ano?

Temos de ser otimistas. Estamos sentindo que o comércio, desde sua reabertura, tem crescido exponencialmente. Não tivemos grandes vendas nas datas comemorativas que se passaram, uma vez que a maioria foi cancelada, mas estamos vendo um aumento. Uma pesquisa recente apresentou que o comércio abriu três mil vagas. O surgimento de oportunidades representam uma melhoria no quadro econômico do DF. Elas estão sendo ocupadas pelas pessoas que podem ir até as lojas e agências levarem seus currículos. É um número bem menor se comparado com o ano passado, que tivemos cerca de 3.400 vagas. Mas dá para ter uma perspectiva positiva.


Não é uma redução significativa, se pararmos para pensar.

Houve muita demissão no momento de fechamento das lojas, mas todas estão recompondo seus quadros. Há uma perspectiva de que 70% dessas vagas continuem sendo aproveitadas a partir de janeiro.


Então os profissionais têm chances de serem efetivados?

A chance de efetivação deve surgir para aqueles que possuem perfil e são bons vendedores.


Quanto vocês estão prevendo de crescimento? Ou ainda haverá uma queda em relação ao Natal passado?

Ainda não há previsão de crescimento para as festas de final de ano, pois estamos terminando uma pesquisa, mas será menor do que o ano passado. Desde que o comércio foi reaberto, houve um crescimento de 40% em relação ao que era vendido em janeiro.


Quantas pessoas foram demitidas pelo varejo e comércio durante a pandemia?

Fora os informais, o número de pessoas demitidas chegou a 30 mil. E a área de restaurantes foi a que mais demitiu.


Quantas vagas foram recompostas?

Apesar da liberação do comércio, o ramo alimentício ainda não conseguiu se estabilizar. Os restaurantes estão seguindo as orientações, ainda têm certas restrições e protocolos que precisam ser respeitados. Devido à falta de consolidação das empresas, muitos funcionários também não conseguiram a recontratação. Agora, inclusive, está sendo feita uma reivindicação junto ao governo do Distrito Federal para que (os restaurantes) possam comportar mais pessoas durante as festas de dezembro. Hoje, eles trabalham com 50%, devido ao problema de distanciamento das mesas e capacidade. O restaurante que às vezes colocava 250 pessoas, hoje coloca 100. Mas isso dependerá muito das autoridades sanitárias.


Estamos vendo a possibilidade da segunda onda da pandemia. Qual a estratégia de vocês para enfrentar isso?

O comércio não comporta mais ter de fechar outra vez em caso de segunda onda. A Secretaria de Saúde fará uma pesquisa em todas as regiões administrativas para averiguar a possibilidade de segunda onda e quais os locais em que há mais perigo. Com isso, o governo do DF poderá fazer ações para evitar. Mas o que temos de fazer nesse momento é torcer para que isso não aconteça. Para nós, como comércio, seria um desastre total. Muitas empresas não retomaram porque não tiveram capacidade de reabrir o negócio. Muitos empregos não foram concedidos porque não tiveram condição de recontratar. Em caso de segunda onda, o comércio não tem a menor condição de sustentar o fechamento de lojas.


Uma testagem em massa daria mais segurança para vocês continuarem funcionando?

Essa testagem que a Secretaria de Saúde vai fazer é fundamental, porque a partir disso vamos saber como está o índice de contaminação. Faz com que o GDF construa uma estratégia mais rápida (de combate ao novo coronavírus).


Quantas empresas fecharam e não reabriram as portas?

Nós tivemos 2.990 empresas que fecharam. É bom ressaltar que o maior sofrimento vem dos pequenos negócios. Quando houve fechamento no mês de março, nós imediatamente conversamos com o Banco de Brasília (BRB), que criou o projeto Supera DF, e foram atendidos 2.990 empresas que puderam resolver algumas questões básicas.

*Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira