Grávida de três meses, Lorrane De Oliveira, 24 anos, luta para sobreviver depois de ser baleada na cabeça pelo companheiro com quem convivia havia seis anos. O casal já tem um filho, de dois anos. A tentativa de feminicídio aconteceu na manhã de ontem, no bairro Nova Colina, em Sobradinho, e o suspeito foi preso em flagrante.
De acordo com Hudson Maldonado, delegado-chefe da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), o crime aconteceu em um quarto da residência onde o casal morava, em uma chácara. Familiares ouviram o disparo e encontraram a vítima desfalecida, com muito sangue jorrando. Eles prestaram socorro, inclusive com ajuda do agressor, e conseguiram levá-la ao Hospital Regional de Sobradinho, onde a jovem deu entrada em estado grave.
Em seguida, o agressor fugiu, mas foi localizado pelos agentes da 13ª DP. Em depoimento, ele não soube explicar porque mantinha uma arma em casa, e disse que não tinha intenção de matar a companheira, hipótese descartada pelos investigadores. “Para a polícia, foi, sim, uma ação cruel, visando mesmo ceifar a vida da própria companheira. Ele será autuado por feminicídio tentado”, afirmou o delegado.
Convivência
Ontem, Lorrane foi transferida para o Instituto Hospital de Base, onde aguarda cirurgia. A reportagem do Correio esteve na casa onde o crime ocorreu e conversou com Mariozan De Oliveira, pai da jovem. “Ela está melhor, graças a Deus. O quadro dela melhorou. Não nos falaram do bebê ainda, mas como o tiro passou longe, está tudo bem. Agora vamos torcer para ela se recuperar”, emocionou-se o pai.
Lorrane é a caçula de três filhos e morava na chácara do pai com o filho pequeno e o companheiro. No momento do crime, Mariozan não estava no local, e foi o irmão dela quem se deparou com a cena. “Agora, ela está nas mãos de Deus, em primeiro lugar, e dos médicos.” De acordo com o pai, o casal não era de brigar, mas ele era usuário de drogas. “Mas, isso não justifica essa ação. Tem tanta gente que usa droga e não faz uma coisa dessas. É da pessoa mesmo”, complementou Mariozan.
Vizinhança
Vizinhos que não quiseram se identificar também confirmaram a informação de que o agressor usava maconha, cocaína e, possivelmente, outras substâncias. Embora o casal não demonstrasse, o relacionamento não era saudável. Uma moradora da região afirmou que ouvia relatos das discussões do casal, mas que tudo acontecia em segredo. “Ele a ameaçava, e dizia para não contar nada, então ela ficava em silêncio. Tanto é que quando tudo aconteceu, eles estavam trancados no quarto”, detalhou.
“Ele era muito calado. Só andava curvado, de cabeça baixa, mas sempre dava ‘bom dia’ a todos”, informou outro vizinho. Eles relataram que o filho do casal não estava presente quando a mãe foi baleada. “Por sorte, ele tinha ido para a casa de uma tia no dia anterior e ainda está por lá.” Eles não souberam informar se o homem já tinha sido preso por outros crimes.
A chácara está em uma área residencial, com poucos comércios nas proximidades. Em um bar próximo, moradores disseram que costumavam ver o casal saindo para lanchar, mas que não demonstravam atritos, nem discutiam em público. Os dois costumavam estar sempre calados.