A Secretaria de Saúde do Distrito Federal vai começar a elaborar um inquérito epidemiológico, na segunda quinzena de novembro, para traçar a situação da pandemia do novo coronavírus no Distrito Federal. O anúncio foi feito ontem, em coletiva de imprensa, no Salão Nobre do Palácio do Buriti. A previsão é de que o documento traga informações detalhadas sobre a característica do vírus no DF e como ele se prolifera nas 34 Regiões Administrativas (RAs), além do perfil sociodemográfico dos infectados. Também compõe o Plano de Ações Estratégicas de Combate ao Coronavírus um Plano de Contingência com ações específicas em relação à probabilidade de uma segunda onda da doença na capital federal.
O plano, segundo a SES-DF, é controlar a doença a partir do serviço de Atenção Primária à Saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com o monitoramento dos pacientes. Para isso, serão disponibilizados 150 mil testes e 600 oxímetros (medidor de saturação de oxigênio). “A gente está saindo na frente, nos precavendo de haver uma possível transmissão mais acentuada, para, dessa forma, a Secretaria de Saúde poder dar as respostas de imediato, quer seja em um trabalho que a gente faz de desmobilização em um momento ou também remobilizar todo o nosso sistema de saúde para o atendimento de pacientes graves e pacientes que necessitam de internação”, declarou o secretário Osnei Okumoto.
A ideia é de que, a partir de agora, não haja mais uma unidade central de referência para atendimento de pacientes com covid-19. “Cada região terá equipes treinadas para atendimento nas unidades de saúde, além de ala covid-19”, explicou o subsecretário de Atenção Integral da Saúde, Alexandre Garcia. “Na unidade, os profissionais de saúde vão classificar o paciente. De acordo com a gravidade da doença (covid-19), a pessoa fica na unidade ou vai para casa cumprir isolamento domiciliar”. Nas residências, os pacientes serão monitorados por telefone ou por mídia (pessoas do grupo de risco terão atenção de 24h em 24h horas e quem não for do grupo de risco, de 48h em 48h). Além dos testes, as unidades também serão abastecidas com equipamentos de proteção individual (EPIs).
Uma amostragem nas 34 Regiões Administrativas do Distrito Federal, chamada de 30 por 7, será responsável por apresentar como o vírus é transmitido na capital, no inquérito epidemiológico. “A gente subdivide uma RA em conglomerados, ou seja, junções de casas, quadras ou conjuntos, e realiza o sorteio de 30 deles. Dentro de cada um dos quadrantes, sorteamos uma casa. Em cada um desses polígonos, faremos sete testes em sete pessoas”, explicou o diretor de vigilância epidemiológica Cássio Peterka. Os entrevistados devem ser maiores de 18 anos e a média é de que serão utilizados 10 mil testes — doados pelos Serviço Social do Comércio (Sesc-DF). A estimativa é de que a conclusão dos trabalhos de campos seja feita de 15 a 20 dias, com mais 10 dias para análise de dados. Cada RA terá uma equipe realizando as atividades simultâneas. “(São) dados consistentes para determinar quais medidas necessárias que o GDF têm de tomar em relação a pandemia existente no mundo”, pontuou o secretário de Saúde.
Cirurgias eletivas
Diante do cenário de diminuição da transmissão do índice do vírus no Distrito Federal, registrado em 0,79 (menor que 1 representa que a epidemia tende a acabar), a pasta decidiu retomar, gradativamente, as cirurgias eletivas na rede pública de saúde. Elas estavam suspensas, em função da pandemia, desde 29 de junho. “A gente imagina que voltará a acontecer de uma a duas semanas, momento em que há a previsão da chegada de insumos importantes”, explicou o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanches.
Outra mudança será na destinação do Hospital de Campanha de Ceilândia, previsto para inaugurar daqui a 35 dias. “Em um primeiro momento, vai ficar pronto e equipado, ainda aguardando para uma possível segunda onda”, completou Sanches.