ECONOMIA

Com 3 mil vagas temporárias no comércio, brasilienses buscam qualificação

Para terem mais chances de se realocar no mercado de trabalho em meio à pandemia, brasilienses procuram por programas de capacitação profissional. A partir de segunda-feira, empresas do DF devem criar 3 mil empregos temporários

A partir de segunda-feira, o comércio do Distrito Federal abrirá três mil vagas temporárias para as festas de fim de ano. No mesmo período do ano passado, houve a contratação de 3.900 pessoas. Considerando que o recuo está ligado à pandemia, que desencadeou o fechamento de mais de 450 lojas e demitiu 2 mil funcionários, a esperança é que o 13º salário impacte positivamente na economia, conjecturas indicam algo em torno de R$ 5,6 bilhões. Ano passado o recurso injetou R$ 7,6 bilhões no mercado local.

No Natal de 2019, as compras em comércios do DF somaram R$ 500 milhões, segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista). Neste ano, porém, a expectativa é de que caia para R$ 300 milhões. As compras realizadas pela internet devem ter aumento de 35%, em relação ao último fim de ano, já nas lojas físicas, deve ter acréscimo de 3%.

No DF, de acordo com a última Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), há cerca 288 mil pessoas desempregadas, ou seja, que estão em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Segundo o secretário do Trabalho do DF (Setrab), Thales Mendes Ferreira, durante os processos seletivos, os recrutadores analisam, principalmente, a qualificação dos candidatos. “Os mais preparados têm mais chances de serem contratados”, diz. Sendo assim, alguns brasilienses recorrem a programas sociais que oferecem oportunidades de capacitação profissional.

O GDF disponibiliza projetos voltados para a habilitação profissional dos brasilienses a fim de diminuir os índices de desemprego do DF. “O papel da Setrab é fazer a intermediação entre contratantes e candidatos e a qualificação é o que dá liga neste processo”, avalia Thales Mendes. Ele reforça que há vagas na economia, porém, falta preparação por parte dos candidatos. “O mercado está cada vez mais competitivo e as pessoas com currículo pouco atrativo acabam se submetendo a empregos não formais. Por isso, buscamos qualificar a mão de obra brasiliense”, explica o chefe da pasta.

Oportunidade

Camila Marques, 27 anos, é uma das pessoas que contou com um curso de capacitação profissional para se realocar no mercado de trabalho. Ela se formou em nutrição em 2017, porém, não conseguiu um emprego na área. Dois anos depois, resolveu iniciar um curso de técnico em contabilidade, campo que sentia afinidade. Um mês depois, ela estava empregada. “Consegui uma vaga na área muito rápido e tenho certeza que estar matriculada no curso foi um requisito importante”, considera. Atualmente, ela segue contratada e pretende continuar a se especializar. “Certamente, caso não tivesse procurado um curso, estaria desempregada, ainda mais durante a crise”, afirma a moradora de Samambaia Norte.

A qualificação profissional, de acordo com Antônio Tadeu Peron, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), é, também, uma porta de entrada para o mercado de trabalho. “Há muitos cursos que são oferecidos gratuitamente e isso é uma grande oportunidade para quem, por exemplo, não tem verba para pagar por aulas profissionalizantes. É um poder de inclusão”, considera. Ainda segundo Peron, é importante que as pessoas invistam em adquirir mais competências. “Os contratantes procuram por pessoas capacitadas e prontas para a vaga”, afirma. Ele ressalta que o Senac tem 295 cursos nas áreas de comércio, bens e serviços e turismo.

Com o mesmo intuito de qualificar a mão de obra brasiliense, o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos) elaborou o projeto Formando o Futuro. A iniciativa visa qualificar jovens por meio de cursos de capacitação em diversas áreas. O programa é voltado, principalmente, para alunos de escolas públicas, de regiões mais carentes e desempregados. De acordo com o deputado, as inscrições devem ser abertas até o final de novembro. “Com a qualificação, poderemos atrair empresas para o DF e, assim, alavancar uma retomada da economia no pós-pandemia”, avalia o parlamentar.

Cursos

Aqui tem, qualificação – programa da Setrab
A Secretaria de Estado de Trabalho (Setrab) oferece 13 cursos presenciais, gratuitos e com emissão de certificação. Os cursos serão no período matutino, vespertino e noturno, nas seguintes localidades: Asa Sul, Asa Norte, Gama, Taguatinga e Sobradinho. As inscrições podem ser realizadas até 24 de novembro por meio de um formulário no site da Setrab (www.trabalho.df.gov.br). Inicialmente, serão ofertadas 4 mil vagas em áreas como organizador de eventos; garçom/barman/barista e assistente administrativo.