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Cinco mil lotes rurais podem ser regularizados no DF até 2023

Câmara Legislativa discute projeto de lei para legalizar mais de cinco mil lotes rurais até 31 de dezembro de 2023. Expectativa do governo é de que votação ocorra nos próximos 30 dias

Tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) projeto de lei do Executivo local que pretende viabilizar a regularização de mais de cinco mil antigos lotes rurais. Se a matéria for aprovada pelos parlamentares, os produtores rurais terão direito ao contrato de concessão de uso das áreas públicas, assinado com a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).

O projeto traz mudanças à Lei nº 5.803/2017, que trata da Política de Regularização de Terras Públicas Rurais pertencentes ao Distrito Federal. O texto tramita, atualmente, em quatro comissões da Casa.

A expectativa do governo é de que o projeto seja votado pela CLDF em até 30 dias. Na proposição, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pediu tramitação em regime de urgência. O prazo estipulado para a regularização das terras, no texto apresentado pelo Executivo, é 31 de dezembro de 2023. O governo promete investir R$ 1,5 milhão na regularização das escrituras.

O diretor de Regularização Social e Desenvolvimento Econômico da Terracap, Leonardo Mundim, explica que o instrumento que os ocupantes históricos de lotes em áreas rurais têm, hoje, é a Concessão de Uso Oneroso (CDU). Por meio dele, a administração pública transmite ao particular, mediante pagamento anual previamente fixado, o uso privativo de terra pública rural de sua propriedade.

Com a mudança, os ocupantes poderão conseguir a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU). A diferença é que o primeiro é apenas um contrato administrativo, enquanto o segundo trata-se de uma escritura pública, portanto, um documento com maior segurança jurídica.

Segurança

Para o governo, o acertamento fundiário e registral, isto é, a possibilidade da individualização das matrículas da fazenda, é um dos principais entraves ao avanço da regularização dos imóveis rurais, já que envolve a vistoria dos lotes. Isso porque o processo exige a análise de cadeias dominiais, georreferenciamento, a contratação de estudos ambientais e urbanos para o licenciamento e parcelamento dos imóveis para só depois ser levado a cartório, o que pode durar anos.

“O grande inimigo da regularização rural, hoje, é a falta de acertamento fundiário e registral. Sem ele, não se consegue passar do CDU. Com o acertamento, vão surgir duas possibilidades: a CRDU ou a própria compra e venda, que é uma política a ser formulada em um momento posterior pelo GDF”, avalia o diretor.

De acordo com Mundim, há famílias que vivem e produzem em terrenos sem escritura desde a fundação da capital federal. Por isso, a proposta do governo altera a legislação atual e define que os produtores que ocupavam as glebas até 31 de dezembro de 2012 podem solicitar a concessão.

Segundo o governo, cerca de 9% do território no Distrito Federal é composto por terras desapropriadas, onde não há definição precisa de quais são parcelas públicas ou particulares. Além disso, o projeto abre caminho para que as áreas de uso rural inseridas no perímetro urbano sejam regularizadas, como é o caso de glebas no Lago Norte, Vargem Bonita e Taguatinga. Ao todo, 3 mil pedidos de regularização aguardam análise.