“A emoção de vir aqui no feriado é incomparável, justamente por ser uma tradição. Não é a mesma coisa vir em outro dia, mas temos de entender que estamos passando por um momento difícil e temos de fazer de tudo para nos cuidar”, disse a copeira Valdelice Maria da Silva, 55 anos, que visitou ontem, os túmulos do pai e da mãe, sensibilizada pelo momento de enfrentamento à pandemia de covid-19. Assim como ela, outros moradores do Distrito Federal optaram por ir ao cemitério prestar homenagens a entes queridos antes do Dia de Finados, celebrado hoje.
O ato marca não só a nobreza de se lembrar daqueles que partiram, mas é sinal de respeito pelo próximo. A recomendação da empresa Campo da Esperança, que administra os seis cemitérios da capital (Asa Sul, Taguatinga, Gama, Planaltina, Brazlândia e Sobradinho), é de que a população dê preferência às homenagens em casa hoje. O número de visitantes segue irrestrito, com a entrada livre para quem quiser prestar tributos. O público, no entanto, deve ficar atento às normas. Entre elas, está o uso obrigatório de máscara de proteção facial e o distanciamento de, no mínimo, dois metros entre cada pessoa.
Foi o que fez Valdelice ao antecipar a ida ao Campo da Esperança, na Asa Sul. Protegida com máscara, ela visitou, ontem, os túmulos da mãe, que morreu em 2018, e do pai, que faleceu há 23 anos. “Hoje, com certeza, estará bem mais cheio de pessoas. Por isso, todo cuidado é pouco”, ressaltou. Segundo funcionários do cemitério, o movimento se dividiu ao longo da semana e não se notou aglomerações.
A vendedora ambulante Guiomar Gonçalves, 52 anos, tira o Dia de Finados, todos os anos, para visitar o filho Marcos Gonçalves, morto assassinado aos 19 anos, em 2008. Este ano, ela optou por ir ao cemitério um dia antes da data principal em decorrência da pandemia. “Geralmente, no feriado fica muito cheio. Então, decidi fazer diferente dessa vez para evitar muita exposição. Perdi muitos amigos para o coronavírus e sei da dor. Então, é sempre bom evitar. É sempre triste esse momento, porque nunca esquecemos do nosso ente querido, ainda mais sendo um filho. E hoje, para mim, é mais lamentável esse dia”, disse.
O luto na capital federal se estenderá aos 3.688 mortos por covid-19. Os dados são do último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, divulgado ontem. Foram cinco novos óbitos pela doença contabilizados em 24 horas, além de 211 novos casos confirmados de infecção pelo coronavírus. Ao todo, 213.456 pessoas se infectaram no DF. Dessas, 204.276 puderam comemorar a recuperação e 5.492 travam a batalha contra o vírus.
Restrições
Decreto editado na quarta-feira pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) estipulou regras sanitárias para os cemitérios nos feriados. Só são permitidos grupos de até seis pessoas e aqueles que apresentarem sintomas de gripe não poderão entrar. Além disso, não haverá banheiros químicos, nem copos descartáveis nos bebedouros. A orientação é de que cada visitante leve a própria garrafa d’água.
Hoje, o horário de funcionamento dos cemitérios será das 7h às 19h. Em Planaltina e Brazlândia, os carros não terão acesso, para liberar espaço de circulação de pessoas. Nas demais unidades, os automóveis poderão parar em vaga especial ou destinada a pessoas com deficiência.
*Colaborou Tainá Seixas
Missa para comandante da PCDF
Familiares, amigos e colegas reúnem-se, hoje, para uma nova cerimônia de despedida e homenagem ao comandante da Polícia Civil do DF Renato de Oliveira Souza, 55 anos, que morreu em 27 de outubro, no Rio de Janeiro, após sofrer acidente durante missão de combate ao incêndio no Pantanal. A missa de sétimo dia ocorre a partir das 19h, na Igreja de São Miguel Arcanjo e Santo Expedito, na EQN 303/304, Asa Norte.