Juntas, as duas mulheres acusadas de assassinar o menino Rhuan Maycon da Silva Castro, 9 anos, foram condenadas a 129 anos de prisão. Elas cumprirão pena em regime fechado, pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver, além de fraude processual. Para Rosana Auri da Silva Cândido, mãe do menino, a sentença foi de 65 anos de reclusão. A companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago, recebeu pena de 64 anos.
A acusação conseguiu a condenação de Rosana e Kacyla pelo Tribunal do Júri de Samambaia, na tarde de ontem. O crime, que chocou Brasília e o país, ocorreu em 31 de maio de 2019. Detida no dia seguinte, a dupla confessou, com detalhes, a brutalidade do assassinato e, desde então, permaneceu em prisão preventiva. Durante o julgamento, a mãe de Rhuan admitiu a autoria de todos os crimes. No entanto, ressaltou que não houve participação da companheira.
Ao considerarem a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na íntegra, os jurados entenderam que Rosana e Kacyla premeditaram o homicídio, ao planejar como executariam e destruiriam o corpo da criança. Entre as qualificadoras do assassinato estão motivo torpe, bem como emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O primeiro fator agravante teve relação com o sentimento de ódio que Rosana nutria em relação à família paterna de Rhuan; o segundo deveu-se ao fato de que o menino recebeu, ao menos, 11 facadas e foi degolado vivo; o terceiro ficou definido pelo ataque acontecer enquanto a vítima dormia.
Ainda que a condenação de Rosana e Kacycla ultrapasse 64 anos, não significa que as duas permanecerão na prisão por esse período. O Código Penal prevê que o tempo máximo de pena não pode ser superior a 40 anos. Para a avó paterna de Rhuan, Maria Socorro Oliveira Lima, o veredito foi justo. “É muito triste perder meu neto. Desde que isso aconteceu, não temos mais alegria nem motivo para ficar feliz. Não temos mais Natal nem Dia das Crianças. É uma tristeza que não passa. A condenação dá um alívio. Agora, levaremos a vida como a gente pode”, afirmou ao Correio.
Desde dezembro de 2014, Rosana vivia com o filho sem permissão. Rhuan havia sido tomado dos avós paternos, que procuravam pelo menino. Dois anos antes do assassinato, as acusadas haviam extraído os testículos e o pênis da criança, em casa, sem acompanhamento médico. Ele também não frequentava a escola e era proibido de manter contato com outras pessoas. A dupla ainda mantinha Rhuan com os cabelos compridos e deixava que ele usasse apenas as roupas da irmã.
Memória
Crime bárbaro
Na noite de 31 de maio de 2019, Rhuan foi acordado enquanto recebia diversos golpes de faca. Em seguida, Rosana e Kacyla desfiguraram o rosto do menino, decapitaram, esquartejaram, perfuraram os olhos e dissecaram parte da pele da criança. A dupla tentou, ainda, queimar o corpo da vítima em uma churrasqueira, mas interromperam a ação por causa da grande quantidade de fumaça gerada.
Elas distribuíram as partes do corpo de Rhuan em uma mala e duas mochilas. Rosana jogou uma delas em um bueiro, mas foi vista. Testemunhas abriram o objeto e acionaram a polícia, que prendeu a dupla em casa. A denúncia partiu de um grupo de adolescentes que jogavam futebol na Quadra 425 de Samambaia Norte.
Aos policiais, elas alegaram que cometeram o crime porque Rhuan seria um empecilho ao relacionamento. O casal negou que a irmã de criação tenha presenciado o assassinato, mas a menina chegou a fazer o desenho de um corpo ensanguentado, com os órgãos de fora.
O assassinato aconteceu na casa onde Rhuan morava com a mãe, a madrasta e a irmã de criação, na Quadra 625 de Samambaia Norte. Rosana e Kacyla haviam fugido de Rio Branco, em 2014, e passaram a viver sem endereço fixo. Moraram em várias cidades, incluindo Trindade (GO), Goiânia e Aracaju, antes de chegarem ao DF. Durante esse período, as famílias paternas das duas crianças tentavam encontrá-las, sem sucesso.
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