Quase um ano e meio após um crime que chocou o Brasil, familiares de Rhuan Maycon, 9 anos, receberam com alívio a condenação das duas mulheres que assassinaram a criança. "Penso que a justiça foi feita. É muito triste perder meu neto, mas, agora, elas (as acusadas) vão começar a pagar pelo que fizeram", desabafou Maria do Socorro de Oliveira, avó paterna do menino, morto em maio de 2019.
Nesta quarta-feira (25/11), o Tribunal do Júri de Samambaia condenou por homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual Rosana Auri da Silva Candido, mãe da criança, a 65 anos de prisão, e Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, companheira de Rosana, a 64.
Emocionada, Maria do Socorro afirma que, desde o assassinato, não há mais motivo para alegria na família. "Não temos mais Natal nem Dia das Crianças. É uma tristeza que não passa. A condenação dá um alívio. Agora, levaremos a vida como a gente pode. Deus dá o conforto diariamente."
A guarda de Rhuan estava com a família do pai dele. Ele morava com os avós paternos no Acre até ser levado à força por Rosana. A criança foi submetida a tortura, inclusive tendo os testículos e o pênis retirados, sem uso de anestesia ou acompanhamento médico.
Relembre o caso
Na madrugada do dia 31 de maio de 2019, Rosana e Kacyla apunhalaram Rhuan Maycon e degolaram a criança, ainda viva. Em seguida, elas esquartejaram o corpo, perfuraram os olhos e dissecaram a pele do rosto do menino. A dupla tentou incinerar o que sobrou do corpo, mas, como não conseguiu, colocou as partes em uma mala e duas mochilas.
Rosana caminhou cerca de 1km até encontrar um bueiro, onde deixou a mala. Quando voltou para buscar as mochilas, um adolescente, que havia visto a cena, suspeitou e recuperou o objeto. Ao ver o conteúdo, ele acionou a polícia.
Rosana e Kacyla foram presas em flagrante e confessaram o crime. Uma das motivações seria a determinação da Justiça do Acre para que o pagamento da pensão do menino fosse suspenso no início do mês. A decisão seria uma tentativa de forçar as mulheres a aparecer, pois as duas eram procuradas pelo desaparecimento de Rhuan.
Irmã de criação
Rhuan não era a única criança com a dupla. A filha de Kacyla, uma menina de 9 anos, também havia sido levada à força pela dupla. Assim como o irmão de criação, ela não frequentava a escola e não podia sair de casa. Depois da prisão das acusadas, ela foi devolvida ao pai, que a levou novamente para Rio Branco.
Kacyla havia fugido da cidade em 2014, com a filha, Rosana e Rhuan. Eles passaram por dezenas de endereços, como Trindade (GO), Goiânia e Aracaju, até chegar ao Distrito Federal. Aos investigadores, o casal afirmou que a menina dormia quando o crime aconteceu. No entanto, ao chegar à delegacia, a criança fez o desenho de um corpo ensanguentado, com os órgãos para fora.
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