Manifestantes protestam, na noite desta sexta-feira (20/11), no DF, contra o assassinato de um homem negro, de 40 anos, espancado e morto por um policial temporário e um segurança na porta de uma unidade do supermercado Carrefour, no bairro Passo D'Areia, em Porto Alegre. O caso, que gerou revolta, aconteceu na noite desta quinta-feira (19/11). Os protestantes se concentraram em frente à Praça Zumbi dos Palmares e seguiram em direção ao Carrefour da 402 Sul.
As pessoas, a maioria de máscaras de proteção, gritavam e cantavam: "Marielle perguntou, eu também vou perguntar. Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?". Os manifestantes também carregavam faixas com a frase "Vidas negras importam".
Com vaias, na porta do estabelecimento do Carrefour da 402 Sul, os manifestantes voltaram cartazes com a logo da Rede Carrefour com a palavra "Racismo". Assim que os protestantes chegaram ao local, o supermercado fechou as portas, temendo represálias.
A estudante Ariel Pessoa, 20 anos, saiu do Paranoá para participar do protesto. "Temos que nos organizar de todas as formas para cometer crimes absurdos como esse. Já que não podemos estar em Porto Alegre, gritamos daqui", disse.
Assassinato
João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, o homem negro, foi morto após ser espancado por dois homens em um supermercado Carrefour, em Porto Alegre. Em um vídeo que circula nas redes sociais, um dos homens segura a vítima e o outro desfere murros. A vítima grita enquanto recebe os socos. Ao fundo, uma pessoa grita: "Vamos chamar a Brigada (Militar)". Uma mulher, aparentemente uniformizada, observa de perto, segurando um celular.
Uma ambulância do Samu foi chamada e tentou reanimar João, mas ele não resistiu. Os suspeitos foram presos em flagrante. O PM temporário que participou do crime estaria no local como cliente
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram que os agressores eram dois homens brancos. Apurações iniciais mostram que ao menos um deles trabalha como segurança no supermercado.
Nas imagens, é possível ver pessoas gritando para que as agressões cessassem. "Tentamos intervir, mas não conseguimos. A gente gritava 'tão matando o cara', mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano (George Floyd, morto por policiais neste ano nos Estados Unidos)", contou Paquetá.
O que diz o Carrefour:
"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário. O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."
O que diz a Brigada Militar
"Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral."
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