CRIMINALIDADE

"Nós corremos risco", diz moradora da 307 Sul sobre furto na Igrejinha

Paróquia Nossa Senhora de Fátima é furtada pela segunda vez em menos de um mês. Este ano, 159 templos religiosos foram roubados no DF, número menor do que do mesmo período de 2019, mas fiéis cobram segurança

Samara Schwingel
postado em 13/11/2020 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Pela segunda vez, em 22 dias, o portão da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, a Igrejinha, localizada na Entrequadra 307/308 da Asa Sul, amanheceu depredado e itens internos foram roubados. O fato foi registrado na manhã de ontem pelo pároco do local, frei Reinaldo. Segundo ele, mais de uma pessoa teria invadido o templo de madrugada e levado o computador da administração. Além disso, os criminosos bagunçaram gavetas e documentos atrás de dinheiro. A ação foi filmada pelas câmeras de segurança internas da igreja.

Um incidente parecido foi registrado em 21 de outubro. Na ocasião, também durante a madrugada, criminosos arrombaram o portão e levaram o cofre de ofertas da paróquia. O frei Reinaldo lamenta a falta de segurança no local. “Sou frei aqui há quase três anos e esse tipo de ocorrência está se tornando mais frequente”, considera. Ele conta que foi avisado do ocorrido por moradores da região. “Após termos ciência dos fatos, registramos a ocorrência na 1ªDP (Asa Sul)”, completa o frei.

Nas imediações do templo é comum a presença de pessoas em situação de rua, consumidores de drogas e de álcool. O que provoca uma sensação de insegurança entre os moradores da região. Durante a manhã, a perícia realizou diligências no local. “Esperamos que eles possam identificar os responsáveis pelas imagens do circuito interno de segurança e das filmagens do comércio local”, afirma o pároco. Até o fechamento desta reportagem, não foram identificados outros itens que pudessem ter sido subtraídos durante a ação criminosa.

Devido ao ocorrido, a missa da manhã foi cancelada. Desavisada, Maria Cândida, 89 anos, foi ao templo e se surpreendeu com os portões fechados. A moradora da 307 da Asa Sul critica a falta de segurança no local. “Nós corremos risco. Às vezes, dá medo de sair de casa, principalmente à noite”, explica. Ela ainda afirma que espera que as pessoas responsáveis sejam devidamente punidas. “É uma pena que isso tenha acontecido pela segunda vez e em tão pouco tempo”, lamenta.

Turistas também foram surpreendidos. Emanuel de Lucena, 30, é arquiteto e morador de João Pessoa e estava no DF a passeio. Ao visitar a Igrejinha na manhã desta quinta, ele se deparou com o portão depredado e agentes policiais no local. “A princípio, não compreendi o que estava acontecendo. Quando me informaram do ocorrido, fiquei muito chateado”, conta. Ele explica que estava com expectativas de visitar o interior do templo, mas não conseguiu. “Fico triste com a depredação, pois é um patrimônio muito valiosos para a cidade”, diz.

Falta de segurança

Entre janeiro e outubro deste ano, segundo a Secretaria de Segurança Pública, 159 furtos em templos religiosos foram registrados em todo o DF em plena pandemia. Segundo a pasta, o número é 25% menor do que o do mesmo período de 2019. Apesar disso, fiéis afirmam que ainda há muito o que melhorar. Neidiane Adriana da Cunha é uma das diretoras do centro da Federação Espírita do DF, localizado no Sudoeste. Ela afirma que o local foi furtado duas vezes entre o final de julho e início de agosto. “Foram duas ocorrências na mesma semana”, conta.

Segundo Neidiane, na primeira, registrada no final de julho, os criminosos levaram itens domésticos da cozinha do centro. Estes utensílios nunca foram recuperados. Na segunda vez, outro grupo de pessoas levou roupas e doações que seriam vendidas no bazar da instituição. Ela ainda relata que as invasões seguidas de furtos obrigaram a administração do centro a investir em equipamentos de segurança. “Depois das ocorrências, instalamos câmeras e alarmes, para tentar inibir a ação de possíveis assaltantes”, completa.

O problema de segurança nas igrejas não é de hoje. Jonatas Braga é administrador da 1ª Igreja Batista do Guará I e afirma que o local que foi assaltado por um morador de rua da região. “Há quase dois anos, passamos por esta situação desagradável. O indivíduo que circulava pelo local invadiu o templo de madrugada e furtou dois televisores”, relata. Também com o intuito de garantir a segurança, Jonatas instalou um alarme e arame farpado em cima do muro da igreja.

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar do DF informou, por meio de nota, que está atenta às ocorrências envolvendo templos religiosos e intensifica o policiamento nas regiões administrativas. “Por fim, a PMDF orienta aos religiosos que administram as igrejas que entrem em contato diretamente com o Batalhão da área a fim de que estratégias sejam feitas em conjunto”.

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  • O portão do templo ficou destruído com a ação dos bandidos
    O portão do templo ficou destruído com a ação dos bandidos Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • Peritos da polícia buscam pistas para encontrar os criminosos
    Peritos da polícia buscam pistas para encontrar os criminosos Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
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