A procura por agências de viagens está em alta no Distrito Federal após o início da pandemia de covid-19. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do DF (Abrav-DF), Levi Barbosa, “o faturamento da categoria chegou a cair cerca de 97% com o início da crise sanitária e, nos últimos dois meses, o setor começou a se recuperar — está agora em 40%, em relação a janeiro e fevereiro”. Neste cenário, representantes do segmento mostram-se animados com a possível recuperação e esperam um crescimento ainda maior com a chegada do Natal e do ano-novo.
De acordo com a Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional de Brasília, a expectativa é de que 127 mil passageiros passem pelo terminal no feriado prolongado de 2 de novembro, Dia de Finados. Antes da pandemia, em dias normais, esse fluxo era de 50 mil pessoas por dia, em média. De ontem até terça-feira, estão previstos 970 pousos e decolagens. Para atender à demanda, foram incluídos 21 voos extras na malha aérea do terminal brasiliense. As regiões mais procuradas para o período são: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Manaus. Em dias normais, cerca de 28 mil pessoas passam pelo Aeroporto de Brasília, média 46% menor do que a registrada ao longo de 2019.
O presidente da Abrav-DF considera que a alta expressiva da procura por pacotes de viagem anima o setor e confirma a expectativa para os próximos meses. “Houve aumento nas vendas e procuras por viagens a lazer e isso é muito positivo para a categoria. Esperamos que se mantenha e, com a proximidade das férias de fim de ano, se intensifique ainda mais”, diz. Apesar do otimismo, Levi afirma que o faturamento só deve voltar a registrar os mesmos números de antes da pandemia no final de 2021. “Ainda vai demorar para chegarmos ao patamar de antes, mas estamos avançando e esperamos que os brasilienses se mantenham confiantes nas agências de viagens e no serviço que prestamos”, explicou.
Paola Gaida, 48 anos, é supervisora de vendas em uma filial de uma agência de turismo em Brasília e confirma a realidade vivida pelo setor. Segundo ela, a procura por pacotes de viagens aumentou entre agosto, setembro e outubro. “A pandemia nos atrapalhou bastante, mas, aos poucos, estamos retomando a confiança do consumidor que antes estava com medo de viajar”, diz. Ela destaca que as agências estão preparadas para receberem e oferecerem viagens seguras. “Seguimos todas as medidas de segurança e protocolos de higienização, além de selecionarmos os melhores locais para nossos clientes”, afirma.
Izabella Mendonça, 22, é moradora do Jardim Botânico e está se organizando para passar o ano-novo com o namorado no Rio de Janeiro. “Será a minha primeira viagem desde o início da pandemia”, relata. Apesar de estar certa da vontade de viajar, ela conta que se preocupa muito com as condições sanitárias. “Pretendo comprar as passagens nos próximos dias para tentar pegar voos mais vazios e, assim, tentar manter o distanciamento social”, diz. Além disso, ela afirma que usará máscaras de proteção facial a todo momento. “Sei que a pandemia não acabou e que ainda há riscos de contaminação, porém, seguindo todos os protocolos de segurança, acredito que há como se prevenir e aproveitar a viagem”, diz.
Outra brasiliense que pensa em viajar nos próximos meses é Iêda Tunes, 49, servidora pública. Ela também está planejando uma viagem ao Rio com as duas filhas e o marido para o final de 2020. “Como minha primogênita faz aniversário no início de janeiro, estou tentando marcar o passeio para que consiga comemorar, também, o aniversário dela naquela cidade”, diz.
Moradora da Asa Sul, ela conta que realizou uma viagem há pouco tempo e, apesar de temer a contaminação pelo novo coronavírus, sentiu-se confortável. “Nós nos cuidamos o tempo todo, usamos máscaras, álcool em gel e mantivemos o distanciamento social”, relata. A boa experiência a incentiva ainda mais a iniciar 2021 em um viagem. “É bom para o corpo, para a cabeça, nos ajuda a relaxar e esquecer — nem que por um momento — dos problemas”, completa.
Planejamento
Além do comportamento dos viajantes, o crescimento das vendas anima representantes da categoria. O presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, acredita que esse aumento de turistas é resultado de um conjunto de fatores e esforços dos representantes do setor. “Hotéis, bares, restaurantes e outras áreas estão se esforçando para garantir a segurança e conforto dos clientes”, diz. Além disso, ele afirma que a reabertura de aeroportos pelo país também foi um impulso para a retomada. “Após as companhias aéreas retomarem as atividades, a quantidade de voos aumenta a cada mês. Consequentemente, as vendas no setor de turismo também”, explica.
A secretária do Turismo do DF, Vanessa Mendonça, considera que o resultado positivo dos últimos meses é consequência das medidas de combate à pandemia adotadas pelo Executivo local. De acordo com a chefe da pasta, o governo do DF trabalha, desde o início da crise sanitária, para montar protocolos de segurança que atendessem às necessidades dos turistas e viajantes da capital federal. “Além disso, tentamos disponibilizar linhas de crédito para os empresários do setor conseguirem passar pela crise”, afirmou a secretária. Em relação às comemorações de fim de ano, ela afirma que a secretaria também investirá no turismo interno. “A ideia é fazer com que as pessoas explorem locais do DF que ainda não são muito conhecidos e, assim, esperamos fortalecer a economia local. Os bons resultados dos últimos meses mostram que estamos no caminho certo”, completa.