A chegada à casa nova
Chegou a hora de mudar. Fique tranquilo, caro leitor, não há déjà vu nem confusão com o tema da última crônica. Trata-se de uma mudança no sentido literal. De uma casa para a outra. Faltam ainda duas semanas para concretizá-la, mas quem passou por esse processo sabe que todo planejamento é pouco para organizar os detalhes.
Como já contei aqui outras vezes, tenho muito apreço pela organização. Isso não quer dizer que consigo manter os diversos aspectos da vida constantemente equilibrados. Pelo contrário. Encontrar esse balanço é tarefa árdua até mesmo para os mais dedicados virginianos.
Abro um parêntese aqui para explicar a comparação e conceder espaço aos conhecedores da astrologia caso minhas colocações sejam descabidas. Descobri numa pesquisa superficial na internet que Virgem é supostamente o signo das pessoas mais organizadas.
Confesso que não entendo do assunto e só descobri qual era o meu ascendente, por exemplo, pois me pareceu divertido responder a um questionário num livro que peguei emprestado de uma amiga, na adolescência. Ali era possível descobrir também qual era a sua lua, bastava saber o horário do nascimento. Essa resposta não me lembro mais. A propósito, sou de Escorpião, o que aparentemente também explica meu empenho em manter as coisas no lugar.
Fechando o parêntese e a breve explicação sobre toda a ansiedade em torno da organização da mudança, há um lado prático que, depois de alguns anos vivendo sozinha, começo a valorizar: a lava-louças. Manter a pia limpa nunca foi uma tarefa que me deixasse irritada, mas os copos, pratos e talheres que surgem ali a cada minuto como que em produção espontânea são de tirar qualquer um do sério. Em alguns momentos, chego a me pegar à espreita, perto da cozinha, observando se não há alguém colocando aquela louça suja ali propositalmente.
Esse não será o único benefício da mudança. Os novos ares certamente trarão tranquilidade para encarar tempos ainda desafiadores. Chega a hora de voltar àquela velha prancheta de anotações com as metas de novos ciclos. Ler os livros que se acumulam na estante, valorizar o momento de pausa para o cafezinho, admirar fins de tarde de pôr do sol esplêndido, renovar objetivos de vida. E, quem sabe, depois de desencaixotar tudo e ajeitar a mobília, guardar uns minutinhos para estourar plástico-bolha e entregar-se ao descanso.