Estudantes do ensino médio e profissionalizante de escolas particulares do Distrito Federal voltam às salas de aula a partir de hoje. Dos 28 mil matriculados nessa etapa na rede privada, cerca de 9 mil (32,1%) devem retornar às atividades para encerrar o ano letivo em cerca de 60 colégios, segundo sindicato do setor. Todas as séries dispõem de modelo híbrido, com aulas presenciais e on-line. No entanto, a maneira que os encontros vão ocorrer fica a critério de pais e alunos. Seguindo o cronograma definido em 24 de agosto, esta será a terceira fase da retomada presencial.
A primeira etapa começou em 21 de setembro, para educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Na segunda-feira passada, retornaram os alunos do 6º ao 9º ano. No caso das faculdades e universidades privadas, as aulas continuam em meio remoto até dezembro, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior (Sindepes-DF). Atividades presenciais estão liberadas apenas para cursos específicos da área da saúde.
Para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), a adesão ao modelo presencial deve ser pequena nas séries finais da educação básica. “Sabemos que essa faixa etária tem mais autonomia, podendo não apenas permanecer no ensino a distância como também ter uma conduta responsável nas escolas”, destacou o presidente da entidade, Álvaro Domingues. “Não mais do que 5% das 400 instituições tiveram ocorrências de covid-19”, completou.
As turmas de ensino médio do Centro Educacional Sigma retornam hoje. Estudante do 3º ano, Luiza Leal Trezzi, 17 anos, conta que o colégio onde ela estuda fez de tudo para que as aulas on-line fossem semelhantes às presenciais, mantendo a mesma grade horária e outras características. No entanto, ela considera difícil substituir o contato direto com os educadores. “A gente percebia o professor triste, perguntava alguma coisa e demorava a chegar a resposta. Eu estava querendo voltar. Acredito que será uma questão de readaptação. E é importante tomar todos os cuidados”, destacou.
Para a mãe de Luiza, a relações públicas Erika Leal, 49, chegou o momento de os filhos retornarem à escola, por questão de saúde. Na semana passada, o mais novo, de 12 anos, voltou às aulas presenciais no 7º ano do ensino fundamental. Hoje, é a vez da mais velha. “Eles estavam muito protegidos do risco do vírus, querendo se afogar na comida, sem fazer atividade física. Mas a escola está sendo muito cuidadosa, e estou mais tranquila. A orientação que dou é manter os cuidados, usar a máscara, lavar as mãos”, detalhou Erika.
Acompanhamento
Representantes do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinproep-DF) têm acompanhado o processo de perto, com uma força-tarefa para identificar colégios que não cumprem os protocolos. “Nossa avaliação é positiva. Percebemos que as escolas estão seguindo as normas e com número reduzido de alunos”, comenta o diretor jurídico do sindicato, Rodrigo de Paula. “Nos anos finais dos ensinos fundamental e médio, o formato a distância foi bem adaptado pelos estudantes. A tendência é de que eles mantenham-se no modelo on-line. Algumas escolas posicionaram-se (dizendo) que não vão voltar com o presencial justamente por esse motivo”, assinala Rodrigo.
No ensino infantil, segundo o Sinproep-DF, houve 11 casos de contaminação entre docentes. Todos foram afastados. Pensando nesse acompanhamento das infecções, o sindicato vai oferecer, até o fim do mês, cerca de 5 mil testes para os profissionais. Professor de geografia do Sigma, Paulo Macedo acredita que a realidade do colégio deixou tanto a equipe quanto os alunos mais tranquilos com a volta. A escola adotou modelo híbrido, e é possível lecionar de casa ou da sala de aula, transmitindo conteúdo para quem está no presencial ou a distância. “Alguns colegas ainda não podem voltar, por fazerem parte do grupo de risco. Também há alunos com parentes que têm comorbidades, e todos vão poder acompanhar de onde estiverem”, disse.
Para o professor de biologia do Colégio Objetivo Rodrigo Basílio, o contato, mesmo que distante, entre docentes e alunos é importante nessa etapa. “Muitos deles expressam vontade de voltar, porque estão nos últimos anos e, nessas séries, os educadores costumam ficar marcados na vida dos estudantes. Eles sentem falta”, opinou.