O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou, nesta quinta-feira (21/10), três responsáveis pela obra de um prédio que desabou em Vicente Pires e matou o técnico em edificações Agmar Silva. O incidente aconteceu há três anos, em 20 de outubro de 2017. Além da condenação, a instituição pede o pagamento de danos morais e materiais, a título de reparação.
O primeiro proprietário do prédio ficou responsável pelos trâmites legais da construção, além da contratação da engenheira que elaborou o projeto e do funcionário da equipe que morreu. O dono é um dos denunciados.
Posteriormente, outra pessoa sucedeu-o na propriedade do imóvel. O novo dono chegou a receber intimações de infração, de embargo e a recomendação para demolir o prédio. As notificações partiram da antiga Agência de Fiscalização do DF (Agefis), mas não foram atendidas.
Omissão
A engenheira civil responsável pela obra também foi denunciada. Segundo o MPDFT, com base em relatório do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-DF), ela se "omitiu na fiscalização e na execução da obra". Além disso, o desabamento teria resultado de inobservância de regras técnicas da profissão, segundo a perícia.
"A causa do colapso da estrutura foi o erro no cálculo das cargas atuantes nos pilares de sustentação, incapazes de resistir às cargas de serviço antes mesmo da conclusão da obra, com a execução dos revestimentos e implantação do mobiliário e a presença dos usuários do prédio", diz a denúncia, com base em informações dos técnicos que avaliaram o motivo do incidente.
À época do caso, o MPDFT recomendou que construções em situação de risco em Vicente Pires fossem demolidas. Em março de 2018, a Justiça determinou que os restos do prédio fossem implodidos. Meses depois, em maio de 2019, um novo edifício começou a ser erguido na mesma área.
O promotor de Justiça que assinou a denúncia afirmou que era "absolutamente previsível aos acusados que, naquelas circunstâncias, a realização de obra de construção civil com inobservância de regras técnicas e executivas básicas, além do desatendimento de intimações de embargo, pudesse culminar em colapso das estruturas e causar a morte de alguém que lá estivesse, tal como ocorreu no caso vertente", escreveu no documento.
Um magistrado avaliará a acusação e decidirá pela aceitação integral ou parcial da denúncia. A reportagem tenta contato com os três acusados.