A fuga de 17 presos no Complexo Penitenciário da Papuda, na madrugada desta quarta-feira (14/10), evidencia uma série de falhas no sistema prisional do Distrito Federal, a começar pela estrutura do local e pela execução do plano dos internos. Até a última atualização desta reportagem, 11 dos 17 detentos haviam sido recuperados pelas forças de segurança.
Imagens do circuito de segurança registraram o momento da fuga. Na filmagem, os presos descem um a um por cordas formadas por pedaços de panos, conhecidas como “terezas”. No momento da fuga, 20 presos estavam na cela, segundo informou ao Correio o secretário de Administração Penitenciária (Seape), Agnaldo Curado.
Dos 20, no entanto, 17 conseguiram fugir. “Nessa saída, os policiais conseguiram ver pelas câmeras e acionaram a sirene. Os três que restavam não conseguiram sair. Um deles foi pego no próprio pátio”, disse o secretário.
Plano
Os presos estavam certos da fuga. Durante quatro dias eles trabalharam para cavar o teto da Cela 4 da Ala C do Bloco 1, onde estavam abrigados. Todos os dias, com o auxílio de uma faca artesanal, produzida por eles próprios, eles “cutucavam” o teto até formar um buraco da dimensão de uma pessoa.
“As paredes têm uma tela de ferro e um reboco por cima. Os presos conseguem tirar o reboco e chegam nas pontinhas de ferro, tiram o ferro e, depois, fazem uma maquiagem para que os policiais não percebam. E, assim, vão furando o teto”, detalhou o secretário Agnaldo Curado.
Na maioria das vezes, as facas servem para cavar paredes, facilitar fuga e ameaçar rivais dentro da cadeia. As ferramentas são produzidas a partir dos vergalhões de aço de sustentação dos pilares das celas.
Em decorrência da fuga, a Seape se reunirá na manhã desta quarta-feira (15/10) com a juíza titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Leila Cury, para tratar do destino do CDP I. A pretensão, segundo o secretário, é desativar toda a estrutura e transferir os detentos ao CDP II e III.