Após a derrubada do histórico casarão conhecido como Casa da Dona Negrinha, em Planaltina, políticos do Distrito Federal se manifestaram lamentando a perda cultural. O governador Ibaneis Rocha (MDB) lembrou que o fato de o imóvel ser particular deixa a situação mais complexa, mas que há ações de valorização de patrimônios na capital.
A construção faz parte de uma área de tutela do tombamento do Museu Histórico e Artístico de Planaltina, desde 1982. “Nós não podemos fazer nada. Existia uma tratativa com o secretário de Cultura para que nós assumíssemos o imóvel, mas, infelizmente, foi derrubado e agora nós temos que arcar com essas consequências, que é exatamente uma consequência cultural”, afirmou.
Ibaneis também pontuou que o patrimônio de Brasília ficou abandonado durante muitos anos. “Estamos fazendo um levantamento de todo esse patrimônio com a secretaria de Cultura para que nós possamos devolver para a população vários locais que estavam fechados”. A repercussão da derrubada também foi negativa na Câmara Legislativa.
O deputado Cláudio Abrantes (PDT), morador de Planaltina, lembrou que a história da cidade antecede a própria inauguração de Brasília, com um acervo valioso tanto no aspecto da natureza quanto no aspecto histórico, algo que devia ser valorizado. “Infelizmente, no entanto, a preservação deixa a desejar. A derrubada desse casarão, com certeza, nos assustou”, avaliou.
Mesmo sendo um imóvel particular, Abrantes acredita que o DF deve apurar as responsabilidades de diferentes órgãos sobre o caso. “Fiz requerimento a diversos órgãos, como Defesa Civil, Administração Regional de Planaltina e Polícia Militar. É importante que o proprietário também dê explicações. Não vou antecipar culpas, mas as responsabilidades deverão ser cobradas. Essa derrubada não é um fato comum”, afirmou.
Deputados ainda citaram a aprovação, no ano passado, da Fundação do Patrimônio Cultural do DF, que não saiu do papel. Leandro Grass (Rede) criticou a destinação de cargos do novo órgão antes mesmo da criação.
“A lei já está instituída e prevê a criação da fundação, mas existem os trâmites que o texto indica, que passam pela criação do estatuto, aprovação e só então a indicação de cargos, mas o governo passou o carro na frente dos bois. Não podemos deixar que a fundação vire espaço de indicações políticas, porque ela precisa de profissionais capacitados e é importante para reestabelecer a política de patrimônio cultural do DF”, analisou Grass.
O deputado Fábio Felix (Psol) relembrou que chegou a pedir o tombamento de toda a área histórica de Planaltina, mas o governo não respondeu à demanda. “O que aconteceu em Planaltina é um crime contra a memória histórica e cultural do DF. A obrigação de preservar o patrimônio cultural e histórico é do governo e vamos cobrar que não somente os responsáveis por essa derrubada sejam responsabilizados, mas também os gestores que podendo agir, não”, declarou.