ECONOMIA

Abertos desde 15 de julho, bares tentam crescer na pandemia

Os bares e restaurantes da capital puderam reabrir em 15 de julho, depois de 116 dias de fechamento

Darcianne Diogo
postado em 30/10/2020 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Após 107 dias do decreto governamental que autorizou a reabertura de bares e restaurantes no Distrito Federal, empresários do setor ainda sofrem com os impactos econômicos causados pela pandemia do novo coronavírus. Acostumados com aglomerações, alguns estabelecimentos permanecem vazios e a corrida empresarial nesse período exige reinvenção para superar a crise e lucrar.

Os bares e restaurantes da capital puderam reabrir em 15 de julho, depois de 116 dias de fechamento. Uma série de restrições para evitar o contágio da covid-19 foi imposta pelas autoridades locais, como o distanciamento de mesas, disponibilização de pontos de álcool em gel, aferição de temperatura corporal nos clientes e funcionários, bem como a obrigatoriedade de utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs). Bancos dispuseram-se a oferecer linhas de crédito aos empresários para impedir a recessão econômica. Contudo, isso não impediu que mais de 3 mil estabelecimentos fechassem as portas, segundo dados do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar).

A expectativa é de que, até o começo do ano que vem, a situação melhore, como avalia o presidente do Sindhobar, Jael Antônio da Silva. “Ainda estamos em um período caótico. Em uma pesquisa rápida que o sindicato fez com os donos de estabelecimentos, eles alegaram que estão faturando apenas cerca de 30% do que faturavam antes da pandemia, e isso é preocupante. Por mais que haja esforço, isso é limitado. Temos de ter paciência e esperar a vacina, porque as pessoas ainda estão receosas”, explicou.

Jael Antônio critica o acesso às linhas de crédito disponibilizadas pelo governo em parceria com os bancos aos empresários do setor. “Muitos não conseguiram essa ferramenta devido à burocracia. As instituições bancárias continuam, de maneira geral, exigindo reciprocidade e certidões negativas. Quem passou quatro meses fechado tem problemas de caixa”, argumentou.

Dificuldades

Leandro Oliveira, 38 anos, faz parte do grupo de sócios de uma rede de bar e restaurante especializada em cortes especiais de carne. Os empresários mantêm três estabelecimentos no DF: em Vicente Pires, Águas Claras e Asa Sul, sendo os dois últimos com cerca de um ano de inauguração, e o outro com cinco anos. Ele conta sobre as dificuldades que encontrou para manter o negócio, que sofreu drasticamente com a pandemia.

Para não ver as portas fecharem, os donos optaram por congelar o contrato de 80% dos funcionários das três lojas. “É uma situação complicada e, agora, a demanda continua pequena. Querendo ou não, o pessoal continua com medo. Nosso restaurante era bastante frequentado por pessoas mais idosas, principalmente à noite, então sentimos bastante com isso. O faturamento caiu em mais de 50% e ainda não conseguimos recuperar”, lamentou.

Leandro relata outra dificuldade: a negociação dos aluguéis das três unidades. Ao todo, o grupo desembolsa R$ 40 mil por mês para manter o funcionamento dos pontos. No entanto, em uma das unidades, a de Águas Claras, ele não conseguiu negociar uma redução no aluguel, mesmo na pandemia. “Pedimos para retirar as multas e cobrar 50% no período em que ficou fechado, mas está irredutível. Talvez, seja o caso de até fechar a loja”, disse.

O empresário Maurício Silveira, 47, viu o bar e restaurante dele ruir com a pandemia. Há 9 anos, ele mantinha o estabelecimento na 312 Norte, mas em junho precisou fechar as portas por causa das dívidas. Ele, então, decidiu trabalhar somente por aplicativo de entrega e até mudou o nome do negócio para tentar atrair os clientes. “O faturamento já estava ruim antes da pandemia e, quando ela começou, piorou. Não trabalhávamos com entregas, então ficou difícil readaptar de uma hora para outra, e perdemos com isso”, destacou.

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