Uma alimentação de qualidade é fundamental para o bom funcionamento do corpo e ajuda nosso organismo a se proteger de ameaças externas, por exemplo, as infecções virais. Especialistas reforçam a necessidade de se comer bem, principalmente devido à pandemia do novo coronavírus e aos impactos psicológicos provocados por ela, como o distanciamento social.
A psicóloga Juliana Gebrim explica que a alimentação tem influência direta nos quadros de depressão, estresse e ansiedade. “É uma via de mão dupla, a pessoa que tem um quadro ansioso tende a comer pior, coisas que ela acha que se comer ficará mais calma. Em contrapartida, pessoas que se alimentam mal podem desenvolver esses transtornos. Ingerir alimentos muito gordurosos causa uma inflamação no nosso cérebro e predispõe o aparecimento desses quadros”, alerta.
“A ansiedade, por si só, pode gerar comportamentos de fuga, que nós chamamos de fome emocional. Geralmente, as pessoas em situações de estresse ou de ansiedade focam a solução dos problemas em tipos de alimentos como batata frita, chocolate, pizza. No entanto, existem os alimentos que podem ajudar na ansiedade (como castanhas)”, argumenta Juliana.
A fotógrafa Paola Resende, 24 anos, conta que a sensação de impotência quanto à crise sanitária afetou sua saúde mental. “É uma situação nova, sem muita possibilidade de ir para rua e lutar para ajudar. Minha vontade de estudar e trabalhar não parecia tão importante. Percebi que não tinha muito o que fazer externamente, além das ações de apoio neste momento”, relata.
Mas, a fotógrafa conseguiu reverter o quadro focando na alimentação. Antes, a correria do dia a dia atrapalhava os planos de adotar o vegetarianismo. “Eu não conseguia planejar minhas refeições e acabava comendo mal, passando mal e tendo faltas de vitamina. Outras vezes, acabava comendo alimentos com carne porque era o que tinha”, lembra Paola. “Com a pandemia, tive mais tempo em casa, tanto para reforçar meus conhecimentos sobre o vegetarianismo quanto para me programar para fazer as refeições lá mesmo”, diz.
Novos hábitos
A comunicóloga Larissa Sampaio, 27 anos, também encontrou, durante o isolamento social, a oportunidade para melhorar a relação com os alimentos. “A minha rotina de trabalho era muito corrida, inclusive com viagens. Eu tinha o ano todo planejado, mas, com tudo indo por água abaixo, decidi que poderia controlar meus hábitos alimentares. Assim, o isolamento e o home office contribuíram para que eu pudesse controlar minha alimentação e ter uma vida saudável”, garante.
Diagnosticada com transtorno de ansiedade, ela avalia que, se não adquirisse uma nova rotina, o quadro ansioso poderia ter piorado. “Aprender a cozinhar foi um processo terapêutico. Fazer minha própria comida mudou muito a minha relação com o que escolho colocar no prato. Mudando a alimentação, sinto-me mais disposta, pratico mais atividades físicas e, consequentemente, diminuo a ansiedade”, explica.
Gostoso e nutritivo
A nutricionista Sabrina Galdino frisa que determinados alimentos contribuem não só para o bem-estar físico, mas o mental também. “Alguns nutrientes são capazes de ajudar a controlar a ansiedade, como o selênio, encontrado nas castanhas; o potássio, que está na banana; o ômega 3, presente em peixes como salmão e sardinha. Além de alimentos conhecidos por serem mais relaxantes, como a camomila. E os chocolates, principalmente o amargo, rico em magnésio e triptofano, um aminoácido que ajuda a produzir a serotonina”, ilustra.
“É preciso tentar entender se é fome ou se você está comendo por vontade de comer. Caso não seja fome, procure ‘beliscar’ alimentos que sejam mais saudáveis, como frutas cortadas e castanhas. Evite biscoitos e doces, eles não ajudam!”, alerta a nutricionista.
Para a professora Laís Xavier, 21, a motivação para alterar hábitos alimentares foi uma gastrite e a intolerância à lactose. “Vi que já estava na hora de priorizar minha saúde para me sentir melhor e fortalecer minha imunidade. Na correria do dia a dia acabava comendo muitos alimentos industrializados. Agora que fico mais em casa, acabo comprando alimentos naturais e frescos e preparando em casa”, ressalta. “Faz sete meses que vejo uma enorme diferença da alimentação refletida na minha pele, digestão e disposição”, finaliza.
*Estagiária sob a supervisão de Guilherme Marinho
Saudável e prático
Confira as dicas da nutricionista Sabrina Galdino:
» Tenha um planejamento semanal. Se puder, faça isso no dia mais tranquilo. Pode ser no domingo, por exemplo. Planeje o que vai comer durante a semana e assim evitará cair na tentação! Se possível, deixe feitas algumas preparações. O mesmo vale para os lanchinhos durante o dia, planeje quais serão, deixe as frutas já cortadas na geladeira.
» Quando esse período de isolamento passar, a dica é prestar atenção ao ir a um restaurante, procurar sempre a opção mais saudável do cardápio. E, para os recém-vegetarianos, é necessário planejamento e o acompanhamento com um profissional, este poderá te ajudar a balancear a dieta e a manter o pique.
» Armazene os alimentos dentro de potes livre de BPA, sejam de vidro, plástico ou de silicone.
» As carnes, se forem consumidas logo, devem ser armazenadas na prateleira de cima da geladeira. Se não, coloque-as no freezer, bem embaladas. Os ovos também devem ficar na prateleira de cima. O ideal é não deixá-los na porta, pois, ao abrir, eles podem rachar, e a mudança de temperatura pode estragar o produto.
» As verduras, legumes e frutas devem ser higienizadas antes de guardar, devem ficar nas gavetas inferiores da geladeira.
» Na porta da geladeira deixe somente leite, sucos e outras bebidas que foram abertas, molhos, conservas e potes de geleia. Se for deixar guardado por mais tempo, é melhor congelar no freezer: congele sempre em pequenos potes, além da facilidade para descongelar, o alimento descongelado não deve ser congelado novamente. Assim, você evita o desperdício.
» Procure manter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes. É com uma alimentação balanceada que você manterá sua imunidade forte. Beba bastante água!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.