Coronavírus

Otimismo com vacina belga

Resultados de testes preliminares da vacina da unidade belga da Johnson & Johnson mostraram anticorpos em 98% dos voluntários. Produto chega ao DF na segunda ou terceira semana deste mês para pesquisas avançadas com voluntários

Uma vacina promissora entre as candidatas para combater a covid-19 chega ao Distrito Federal este mês. A Ad26.COV2.S, produzida pela empresa belga Janssen, braço da farmacêutica Johnson & Johnson, vai desembarcar no Brasil nos próximos dias. O primeiro destino é São Paulo, depois a capital federal deve receber o produto na segunda ou terceira semana de outubro. As inscrições para voluntários continuam abertas e atraindo milhares de interessados, que disputam as 800 vagas destinadas ao DF. A expectativa dos pesquisadores já era positiva, mas ficou ainda mais com o último estudo preliminar publicado sobre a imunização. A pesquisa analisou as fases um e dois dos ensaios e mostrou que 98% dos participantes apresentaram anticorpos neutralizantes detectáveis.

“Uma única dose de Ad26.COV2.S induziu fortes respostas na maioria dos recipientes da vacina”, diz o estudo, publicado na plataforma de artigos de saúde MedRxiv. Essas conclusões permitiram ampliar os testes para a fase três, uma das últimas antes da aprovação e comercialização de uma vacina. Nessa etapa, um grupo maior de pessoas vai receber o medicamento e ser acompanhado pela equipe médica.

As doses destinadas ao DF serão aplicadas pelo L2iP Instituto de Pesquisas Clínicas, na Asa Sul. “Temos vários subgrupos, com voluntários de diferentes características, para dar mais embasamento aos resultados. A proposta é de que esse seja um estudo multicêntrico em vários continentes. Aqui em Brasília, também queremos contar com a população de diferentes cidades”, afirma Eduardo Freire Vasconcellos, diretor do L2iP.

O ensaio só conta com dois requisitos mínimos para a triagem de voluntários, ter mais de 18 anos e não apresentar sintomas de covid-19. Mesmo pessoas que já foram contaminadas ou que tenham comorbidades, desde que compensadas, podem participar. O formulário de inscrição está disponível no site do L2iP Instituto. “O DF é uma unidade da Federação com realidade atípica, tanto que nosso pico foi mais tardio, por peculiaridades diversas, até mesmo urbanísticas, como a distância maior de uma área da cidade para outra e a concentração diferente de habitantes por m². E o que queremos pegar são exatamente populações de áreas diferentes”, diz Eduardo.

O médico também lembrou que, caso a medicação seja aprovada com sucesso, ser um polo de estudos facilita no acesso à vacina. “Existe um compromisso para que os locais onde estão sendo realizados os estudos sejam onde, preferencialmente, exista a comercialização”, afirma.

Boletim
Até as 18h de ontem, a Secretaria de Saúde contabilizou 192.245 casos de infectados pelo novo coronavírus no DF, um acréscimo de 928 pessoas em apenas 24 horas. De acordo com o boletim epidemiológico, do total de notificação, 181.308 estão recuperadas e 7.682 estão com a doença ativa.

Das pessoas acometidas pela covid-19, 3.255 morreram — sendo 264 residentes de outros estados. Destas, 31 tiveram morte notificada, ontem, pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica, entre o período de 9 de agosto e 30 de setembro. Dados da pasta também apontaram que a região administrativa com maior número de vítimas da doença é Ceilândia, com 588 mortes.

» Colaborou Thaís Umbelino