No último domingo (27/9), foi celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, que tem o objetivo de incentivar o debate sobre a doação e o transplante de órgãos. Pensando nisso, durante alguns dias, a equipe da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal foi até algumas famílias de doadores levar um presente especial pelo gesto de amor. A equipe deu uma almofada em formato de coração e um livreto com algumas histórias de quem recebeu um órgão e teve a vida renovada com o transplante.
Na casa da Palmira Ferreira de Souza, 72, a família toda aguardava por uma visita comum da equipe da Central. Estavam o esposo de Palmira, José de Souza Neto, 78, a filha, Jovisleide Ferreira de Souza, e alguns netos na varanda da casa no Setor O, em Ceilândia.
Gilmar, filho de Palmira, faleceu em fevereiro, em casa, por engasgo. A mãe estava em viagem e quem precisou decidir sobre a doação de órgãos foram o pai e os irmãos. “Hoje, a maioria de nós já manifestou o desejo de ser doador”, conta Jovisleide, a irmã que auxiliou na decisão.
“A gente veio para agradecer o gesto de amor da família por ter doado os órgãos do Gilmar. É um momento muito difícil, mas, por outro lado, tem as pessoas que estão aguardando, que também estão precisando de um órgão para continuar a vida. No caso dele, foi a doação de córneas”, recorda o auxiliar de enfermagem, João Luis de Sousa, ao entregar o presente à dona Palmira.
Emocionada, Palmira só conseguiu agradecer. “Muita saudade do meu filho, mas também muito feliz por essa pessoa que está enxergando hoje com os olhos que ele deixou. Para mim é maravilhoso, só tenho a agradecer a Deus. Muito obrigada”, declara.
Mesmo tendo trabalhado por 35 anos na Secretaria de Saúde, Lilian de Oliveira Souza, 65, não conseguiu pensar, no primeiro momento, na possibilidade de doar os órgãos ao ver o filho Wenderson falecer aos 41 anos. Quem a questionou foi seu outro filho, Warley, que teve a resposta positiva da mãe para autorizar a doação.
“Assim, na hora você não tem reação nenhuma. Eu tive que constatar o óbito, tive que fazer tudo. E foi doído. O meu menino (Warley) veio me perguntar, mãe, você vai doar? E a minha neta disse: o que a senhora fizer para mim tá bom. Espero que a pessoa que tenha recebido esteja bem satisfeita, que esteja iluminando a vida”, desejou Lilian com lágrimas nos olhos e emocionada.
Para ser um doador
Há dois tipos de doadores. O primeiro é o doador vivo, uma pessoa que concorde com a doação de um dos seus rins ou parte do fígado, da medula óssea e parte do pulmão. Nesses casos, geralmente, os doadores são parentes ou familiares que têm órgãos compatíveis com a pessoa que precisa receber. Tratando-se especificamente da medula óssea, interessados podem se cadastrar na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) para ser um candidato à doação.
O segundo tipo é o doador falecido, um paciente com diagnóstico de morte encefálica ou morte por parada cardíaca, com doação autorizada pela família.
Para ser doador, nos casos em que há o falecimento, basta informar a família da vontade de doar, pois somente ela pode autorizar a doação dos órgãos após o diagnóstico de morte encefálica ou falecimento causado por parada cardíaca. No caso de morte encefálica, cada doador pode salvar até oito vidas.
Com informações da Secretaria de Saúde