O Distrito Federal teve novo recorde de calor e registrou, ontem, 35,6º C, e a umidade relativa do ar chegou a 11%, medida em estação no Gama. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), este cenário deve se manter até a segunda quinzena de outubro. A combinação de seca e calor faz com que a procura por hospitais devido a doenças respiratórias aumente cerca de 40%, segundo a Secretaria de Saúde do DF. Porém, a pasta alerta que a baixa umidade não afeta apenas o sistema respiratório. Todo o corpo pode apresentar sintomas de desidratação devido à seca, de acordo com especialistas. Crianças e idosos tendem a sofrer mais.
Camila Assis, 37 anos, é mãe de Gabriela e Mariana, 4 e 2 anos, respectivamente. A moradora da Asa Sul afirma que as crianças costumam sentir muito incômodo por causa do calor. “Elas não conseguem dormir direito e ficam inquietas durante o dia”, relata. Para tentar amenizar os efeitos do tempo nas filhas, a servidora pública gosta de utilizar as horas livres para realizar atividades fora de casa. “Vamos muito ao Parque da Cidade, pois é um ambiente mais ventilado. Lá, ofereço frutas e água de coco para manter a hidratação delas”, conta.
As cunhadas de Camila também são mães de crianças pequenas e gostam de acompanhá-la nos passeios ao ar livre. Aline e Amanda Branquinho, ambas com 37 anos, afirmam que, além das atividades ao ar livre, tentam amenizar o calor dentro de casa. “Banhos antes de dormir, umidificador e ar-condicionado. Tudo para tentar deixar o ambiente mais agradável”, diz Aline. Mesmo assim, elas estão ansiosas pelas próximas chuvas. “Espero que venha uma chuva de verdade, para acabar com esse calor constante”, declara Amanda.
Clínico geral do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia, Luciano Lourenço explica que é preciso ficar atento aos sintomas de uma possível desidratação, além das doenças respiratórias. “A desidratação abaixa a imunidade e torna o indivíduo mais vulnerável a vírus e a bactérias”, diz. Dores de cabeça, cansaço extremo e mal-estar físico devem acender um alerta. “Além disso, o ar quente e seco é muito irritativo para as vias respiratórias, o que também pode aumentar as chances de infecção”, explica.
Aline Kelly dos Santos, 39, tem consciência dos efeitos da seca no corpo das filhas, Maria Fernanda e Maria Cecília, de 7 e 1 ano, respectivamente. A fim de prevenir um adoecimento das crianças, a moradora de Samambaia controla a ingestão de água e a exposição aos raios solares. “Quando saímos, não deixo que elas fiquem muito tempo no sol, principalmente nos horários mais quentes do dia”, diz. Além disso, Aline conta com apoio do marido, Francisco Saraiva, 49, para distrair as meninas. “A programação vai desde piquenique ao ar livre ao consumo de picolés e sorvetes para amenizar o calor”, conta.
Idosos
Ainda de acordo com o clínico geral Luciano Lourenço, os idosos estão mais sujeitos a complicações oriundas de infecções respiratórias e desidratação. “Em condições normais, a incidência desta população aumenta consideravelmente no atendimento do pronto-socorro”, explica. Para evitar uma ida ao hospital, o médico reitera que é preciso ter atenção aos sinais do corpo. “A cor da urina é o principal indicador de uma boa hidratação. Quanto mais clara, melhor”, diz. O especialista ainda dá outras dicas para o tempo seco. “Cuidado com o sol entre 9h e 16h. Em ambientes com ar-condicionado, a temperatura não pode estar tão baixa, para não irritar as vias respiratórias. O ideal é 23ºC, além de manter sempre um umidificador ao lado”, completa.
Em relação às orientações do médico, Marcos Carvalho, 56, afirma que tenta seguir a maioria. “Em casa, utilizo umidificador e toalhas molhadas para amenizar a baixa umidade. Além disso, mantenho a hidratação constante, estou sempre com uma garrafa de água na mão”, conta. Nascido no Rio de Janeiro, ele explica que está em Brasília desde os 9 anos, mas ainda não se acostumou com o tempo seco da capital federal. “Gostaria de ter condições de ir para o litoral durante a seca, mas não posso por causa do trabalho”, afirma o consultor de vendas.
Palavra de especialista - Como manter a hidratação
A desidratação pode gerar sensação de cansaço muito grande, dor de cabeça, a pele tende a ficar mais ressecada, assim como a boca e os olhos. Por isso, é importante manter o consumo constante de água. Pode ser por meio de frutas ou outros tipos de bebidas como chás e sucos naturais. Atenção: bebidas como refrigerante e cerveja acabam não ajudando, pois contêm elementos que favorecem a desidratação do corpo.
Uma dica para quem não costuma sentir sede, é bom colocar uma garrafa por perto para lembrar de beber água ao longo do dia.
Já em relação à quantidade de água que precisa ser ingerida, o valor varia bastante. Uma conta rápida que pode ajudar neste cálculo é: 35 ml a cada quilo do peso do indivíduo.
Fonte: Renata Guirau, Nutricionista da rede Oba Hortifruti