Seca e calor: o clima não é novidade para os brasilienses. Além dos efeitos na saúde da população, a combinação desses dois elementos é a responsável pelo alto índice de incêndios florestais que ocorrem no Distrito Federal durante este período. Por isso, os cuidados têm que ser redobrados, tanto individuais quanto para com o meio ambiente.
Apesar de chuvas que apaziguaram a seca na semana passada, a baixa umidade voltou com tudo. Ontem, a Defesa Civil decretou estado de alerta, após o DF ter umidade entre 12% e 20% por três dias consecutivos. No domingo, o índice ficou abaixo dos 12%.
Pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Martins afirma que os cuidados têm que ser postos em prática e intensificados neste período. “As pessoas tendem a relaxar, mas como choveu um pouco e o clima voltou a ficar seco imediatamente — além de estar muito quente — a chance de desidratação é muito grande”, explica o médico. E, o remédio é um só: beber bastante água.
Especialistas recomendam evitar exercícios físicos em locais abertos entre 10h e 16h; evitar a exposição ao sol durante o mesmo período; utilizar roupas leves; comer alimentos saudáveis; e evitar ambientes com ar-condicionado, o que contribui para o ressecamento do local. Aumentar a umidade do local em que se dorme — com umidificador, toalhas molhadas ou recipientes com água — também é aconselhado pelos profissionais de saúde.
Cuidados
A professora Victoria Junqueira, 28 anos, aumentou consideravelmente seu consumo de água; ela bebe quatro litros diariamente. Outra adaptação que ela fez na rotina foi passar a praticar exercícios aeróbios após o entardecer; durante o dia, só ioga e alongamentos. Manter-se hidratada, no entanto, não evita que ela passe muito calor. “Está muito seco e quente. Difícil de viver. Meus lábios estão secos, e eu ando tendo muita dor de cabeça. Esta época é sempre terrível para mim”, relata a moradora da Asa Norte.
O casal Rebeca Gonçalves, 17, e Jean Carlos Dias, 18, procuraram o Parque da Cidade para se refrescar em meio ao calorão com água de coco geladinha. “É bem difícil, porque está muito calor, muito abafado, e a gente tem que ficar se hidratando toda a hora. Mas, eu venho bastante para cá, tomo água de coco. Já se tornou rotina”, relata a estudante.
De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Distrito Federal deve ficar sem chuvas por, no mínimo, mais duas semanas. “Estamos debaixo de uma massa de ar seca e quente, que proporciona temperaturas elevadas e baixa umidade. O retorno da chuva está previsto apenas a partir da segunda quinzena de outubro”, explica meteorologista do Inmet Andrea Ramos.
Queimada no Jaburu
Um incêndio florestal tomou conta de parte da área de preservação do Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, na tarde de ontem. Os bombeiros foram acionados por volta das 13h35. Sete viaturas e 35 militares atuaram para conter as chamas, o que ocorreu por volta das 16h50. Algumas equipes, contudo, permaneceram no local para lidar com o rescaldo da queimada.
O incêndio teria se originado quando uma equipe de telefonia móvel trabalhava em uma torre de celular, recentemente instalada na região. Uma fagulha de uma solda utilizada pelos funcionários teria caído na vegetação local e, com o vento, o fogo se alastrou.
Inicialmente, equipes de socorro urbano atenderam à ocorrência visando a proteção da torre. Profissionais especializados em combate a incêndio florestal apareceram em seguida, para conter a queimada que tomava conta do local. As chamas espalharam-se em área oposta ao palácio; não houve vítimas e nenhuma construção foi atingida. A área afetada está sendo avaliada.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal mensura que a área destruída por incêndios florestais em 2020 é superior à registrada em todo o ano passado. Até este mês, 17.919,89 hectares de vegetação foram devastados. Em 2019, o fogo consumiu 16.177,51 hectares.
Apenas em setembro, a área atingida estimada é de 8.134,23 hectares. Em outubro, foram 6.367,12 hectares, 75% a mais que o registrado no ano passado. Os bombeiros receberam em média 57 ocorrências diárias neste mês.
Para evitar que mais áreas sejam castigadas pela seca, a recomendação do Corpo de Bombeiros é não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas; sempre certificar-se que o cigarro está apagado, e descartá-lo em local apropriado; e, caso aviste algum foco de incêndio, ligar 193 e indicar o local das chamas.