A Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu investigação para apurar, de forma administrativa, o suposto envolvimento de um papiloscopista da corporação em uma organização criminosa especializada em aplicar golpes em diversas regiões do DF, vendendo lotes abandonados, que pertenciam a pessoas falecidas. O policial está preso preventivamente e pode responder pelos crimes de associação criminosa, estelionato e falsificação de documento público.
Ontem, agentes da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho) deflagraram a operação Tellus e prenderam 10 pessoas, incluindo o papiloscopista. Segundo as investigações, o grupo utilizava identidades de pessoas falecidas para forjar procurações de terrenos localizados em Sobradinho, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo 1, Taguatinga e no Entorno do DF — Águas Lindas, Valparaíso e Santo Antônio do Descoberto, todos municípios goianos.
A investigação teve início há quatro meses, quando membros da quadrilha tentaram utilizar documentos falsos, como RG e procuração, no cartório de registro de imóveis de Sobradinho, na Quadra Central. De acordo com as apurações policiais, o líder da organização criminosa dava as ordens ao restante do grupo; alguns dos suspeitos ficavam encarregados de falsificar a documentação das pessoas mortas e as procurações que, posteriormente, seriam legitimadas em cartório; por fim, uma outra parcela da quadrilha era responsável pela captação das vítimas interessadas em adquirir um lote.
Os acusados contavam com uma empresa de fachada, uma loja de tintas, em Valparaíso (GO), que era utilizada para lavar o dinheiro do esquema, conforme afirma o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado. “Esse estabelecimento não funcionava e tinha uma movimentação bancária de, aproximadamente, R$ 50 mil por mês, ou seja, era uma forma de lavar dinheiro ilícito”, destacou.
Estima-se que, ao menos, cinco pessoas tenham sido vítimas do grupo. “Apreendemos diversos documentos falsificados, carimbos e máquinas de autoindicação. A apuração policial segue no sentido de analisar todo esse material e descobrir a função de cada um dos integrantes na associação”, frisa o delegado.
Envolvimento
O policial civil investigado seria encarregado, segundo as investigações, de angariar dados pessoais dos falecidos e fornecer ao restante da quadrilha, para que fossem falsificadas as documentações e procurações, de modo a entender que essas pessoas tivessem passado os terrenos aos criminosos.
Por meio de nota oficial, a PCDF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil apura o fato administrativamente. Disse, ainda, que o policial responderá conforme a legislação. “Ele será indiciado por associação criminosa, estelionato e falsificação de documento público, podendo pegar uma pena de 4 a 15 anos de reclusão. Até o final do processo, ele ficará preso preventivamente”, esclarece a corporação.
Investigações revelaram, ainda, que um dos líderes da associação criminosa era responsável pela prática de tráfico de drogas e de armas. Os 10 envolvidos estão presos e foram indiciados por organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional, exploração de jogos de azar, falsificação de documentos públicos, tráfico de drogas e porte de arma.