Ibaneis Rocha (MDB) foi o primeiro governador a adotar medidas restritivas para reduzir a propagação do novo coronavírus. Quando a pandemia teve início no DF, medidas como suspensão de aulas presenciais, teletrabalho e fechamento do comércio, de clubes esportivos e de igrejas despertaram controvérsia.
Desde o início, no entanto, a maioria da população do Distrito Federal aprovou as decisões para mitigar os efeitos da maior crise sanitária de Brasília e uma das mais impactantes do país. É o que aponta pesquisa do Instituto Exata OP, realizada entre 12 e 14 de setembro, com 1.010 entrevistas digitais.
O levantamento indica que 62,8% da população aprovam as atitudes tomadas até agora. Desses, 11,8% acreditam que Ibaneis está totalmente certo e 51% consideram que o governador do DF está parcialmente no rumo correto.
Para 21,8%, ele está totalmente errado e 14,6% acham que a conduta está um pouco equivocada. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Na série histórica, o momento de maior aprovação das medidas contra a pandemia foi em maio, segundo apontou a pesquisa do Instituto Exata OP. Na ocasião, a avaliação positiva chegou a 82%.
No início de julho, quando o número de mortes e contaminações subiu muito, houve a fase mais crítica, quando a avaliação negativa chegou a 49% e a positiva, 51%. Mesmo assim, a maioria estava a favor.
A pesquisa também mostrou a expectativa do brasiliense diante do futuro. A maioria acredita em melhoras. Para 20,9% dos entrevistados, a situação vai melhorar logo e 42,6% apostam num avanço em algum tempo. O pessimismo atinge 6,1% das pessoas que acreditam em piora do quadro de pandemia.
Segundo informativo de ontem da Secretaria de Saúde, há 184.555 infectados — sendo 172.996, o equivalente a 93,7%, recuperados — e 3097 mortos. A pesquisa mostrou que 64,7% avaliam que as medidas de segurança não estão sendo seguidas pela população.
Entre os próprios entrevistados, 43,6% admitem que seguem parcialmente as regras de segurança determinadas pelo governo em suas rotinas. Mas 54,7% afirmam que respeitam totalmente medidas como uso de máscara, distanciamento social, uso de álcool gel e higienização das mãos.
Abertura
O GDF deve divulgar, hoje, novo decreto com alterações nas normas em vigor para enfrentamento da pandemia de covid-19. A versão preliminar do documento, que será publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), prevê a liberação de parques de diversão e parques temáticos; eventos corporativos; áreas de recreação como brinquedotecas; competições esportivas profissionais sem público; além das áreas comuns de clubes recreativos.
Brasilienses testam vacina belga
InstitutoButantan/Divulgação
O Distrito Federal está entre as unidades da Federação escolhidas para receber mais um teste avançado de vacina contra a covid-19. A Ad26.COV2.S, produto do laboratório Janssen, da empresa Johnson & Johnson, chega ao DF no próximo mês para ensaios clínicos da fase 3, uma das últimas etapas para verificação de segurança e eficácia de uma imunização. Ao todo, 800 moradores da capital e do Entorno vão poder participar dos testes como voluntários, recebendo uma dose do produto e sendo avaliados pela equipe do L2iP Instituto de Pesquisas Clínicas. Diferentemente do teste que está em andamento no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e recebe apenas profissionais de saúde, os ensaios da Ad26.COV2.S permitem qualquer pessoa acima de 18 anos na inscrição inicial do processo. A previsão é de que as primeiras doses sejam aplicadas em 1º de outubro.
“Entre as razões do DF ter sido selecionado, nós temos a identificação de que aqui ainda é um dos epicentros da doença, com grande número de contaminação. Também foi levada em conta que estamos em uma região que ainda há muita possibilidade de contaminação. As vacinas devem chegar ainda nesta semana e a previsão é que a gente comece as aplicações, dentro do nosso instituto, já no dia seguinte aos resultados sorológicos dos primeiros voluntários”, detalhou o doutor Eduardo Freire Vasconcellos, diretor do L2iP. O grupo de pesquisa se mostra esperançoso com os ensaios por conta dos resultados positivos das fases anteriores, realizadas com cerca de mil pessoas nos Estados Unidos e na Bélgica, e devido às boas respostas de imunizações para outras patologias que utilizam esse mesmo conceito.
Nesse tipo de metodologia os médicos aplicam o conceito de vetor recombinante, em que se utiliza outro vírus — neste caso o adenovírus tipo 26 —, e se faz uma alteração na estrutura para codificar a proteína S do vírus Sars-CoV-2, da covid-19. “É bastante inovador e promissor. É a primeira vez que estamos tentando cessar uma pandemia com esses estudos sendo realizados simultaneamente. Mas, esse tipo de vacina é testado em humanos desde 2008, em casos de outras patologias. Foram feitos 35 estudos populacionais grandes dessa vacina, não sendo para covid, e 75 mil pessoas foram vacinadas no continente africano com esse conceito”, pontua o diretor do instituto.
A etapa de ensaios atual, a fase 3, permite uma segurança maior do que as fases anteriores por ampliar os estudos com humanos e utilizar a metodologia randomizada, duplo cego, controlado por placebo. Ou seja, metade dos voluntários recebem o produto vacinal e outra metade não, o que permite melhor visualização dos resultados.
Grupos
A pesquisa tem como meta receber diferentes segmentos de pacientes. “Vamos dividir o total de voluntários em dois grupos, um de pessoas entre 18 e 59 anos e outro acima de 60. Destes, vamos dividir e dois subgrupos, os saudáveis e os portadores de doenças crônicas, desde compensados, para vacinar parte da população saudável e parte com comorbidades”, detalha Eduardo Freire. A ideia é testar a eficácia da imunização com uma dose única. Após a aplicação, os voluntários vão passar por avaliações diárias por meio de um dispositivo eletrônico, medindo temperatura e outros parâmetros, e vão ser submetidos a exames periódicos. “Depois de 28 dias da vacinação, realizaremos um novo teste sorológico para verificar se o paciente criou IgG (anticorpos produzidos pelo organismo). O mesmo será repetido em 56 dias e, após, mais 28 dias para frente”, explica o doutor. Todos os voluntários vão ser acompanhados por mais dois anos ao fim do processo, para demonstrar a eficácia duradoura, sem necessidade de reforço.
As empresas que fazem parte da pesquisa estimam a vacinação de 7 mil voluntários do teste no Brasil, distribuídos por São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. “Das 144 primeiras vacinas no mundo que começaram pesquisas em março deste ano e fizeram a fase 1 entre abril e junho, somente 12 chegam até a fase 3. No Brasil quatro vacinas diferentes estão nessa etapa, sendo que mais duas estão tramitando para que o país participe. Então, estamos animados com a possibilidade de que dê certo. Ao final do processo, vamos ver nos resultados se há benefícios reais e, caso existam, o produto deve ser apresentado no começo do ano que vem”, estima Eduardo.
35 óbitos
O Distrito Federal continua a apresentar aumento, mesmo que lento, no número de casos de pessoas infectadas pela covid-19. Ontem, em 24 horas, a Secretaria de Saúde divulgou mais 806 casos de covid-19, alcançando o total de 184.555 pessoas infectadas na capital — 93,7% recuperadas (172.996) e 11.559 com a doença ativa. Com o avanço da doença, o número de mortes chegou a 3.097 vítimas (2.842 de moradores do Distrito Federal e 255 do Entorno e de outros estados. Apenas ontem foram registradas 35 óbitos na capital, entre o período de 19 de julho e 21 de setembro. A maioria tinha 60 anos ou mais.