VIOLÊNCIA

Comoção no adeus a Adailton

Morto a tiros na quinta-feira, dentro de casa, em Santa Maria, o professor foi sepultado ontem. Consternados, familiares e amigos prestaram as homenagens ao docente. Polícia Civil investiga a motivação do crime. Autor dos disparos está foragido

“Foi um choque para todos nós, estamos até agora tentando entender o que aconteceu”, disse uma das irmãs de Adailton Jorge da Silva, 33 anos, professor morto a tiros dentro de casa na quinta-feira. Ana Maria da Silva, 40, esteve no velório do docente, ontem, no Cemitério Parque Memorial, no Novo Gama (GO), para se despedir do irmão. Amigos e outros parentes também acompanharam o sepultamento de Adailton e prestaram homenagens.
A irmã contou que os membros da família estão muito abalados com a situação. “Não consigo achar palavras para descrever o que estamos sentindo neste momento. Ele era um querido e nunca faria mal a ninguém”, disse. Ela relatou que Adailton era muito ligado aos pais. Ao Correio, familiares informaram que a mãe, idosa, não conseguiu sair de casa para ir ao enterro do filho. O pai da vítima, que presenciou o o assassinato do professor, compareceu ao velório. A todo momento, ele precisou do apoio de outras pessoas para conseguir se acalmar.
Paulo Henrique Moreno, 33, era amigo de infância de Adailton. Um dia antes do crime, na quarta-feira, eles chegaram a se encontrar. “Conheço ele há 20 anos e sempre gostamos de sair para conversar um pouco. Na noite anterior (ao assassinato), eu estava com ele no bar, porém saí mais cedo”, relata. Paulo contou ao Correio que não acreditou quando soube do ocorrido. “Triste demais. Ele era tão querido e conhecido de todos da região, cresceu comigo. É como se eu tivesse perdido uma parte de mim”, disse. Assim como os outros presentes na cerimônia, Paulo estava bastante emocionado com a despedida. “Difícil de acreditar.”
Adailton era o quarto de cinco irmãos. Ele sempre morou com os pais e era responsável por cuidar dos dois. De acordo com uma das sobrinhas do docente, Carol da Silva, 20, o tio tinha jeito para lidar com as pessoas. “Era carinhoso e estava sempre disposto a ajudar, tanto familiares quanto amigos e alunos”, disse. Ele trabalhou como professor temporário do ensino fundamental no Colégio Duque de Caxias, em Águas Lindas (GO). Além disso, foi monitor voluntário no Instituto Federal de Brasília (IFB) e educador social voluntário na Secretaria de Educação do DF.
O fim do enterro foi marcado por uma salva de palmas em homenagem a Adailton. A irmã, Ana Maria, disse que não sente raiva de quem quer que tenha disparado contra o irmão. “Meu perdão está liberado e espero que ele se arrependa do que fez, pois não tinha motivo nenhum para tal ato”, lamentou. Ela completou dizendo que acredita no trabalho da polícia e da Justiça. “Só espero que o autor responda legalmente pelo que fez, mas não consigo desejar nada de ruim para ele”, confirmou.

Investigações

A 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) investiga o ocorrido. De acordo com informações preliminares, Adailton teria saído com alguns amigos para um bar em Santa Maria. Os suspeitos de cometerem o crime estavam no mesmo local e até conheciam a vítima, de acordo com as investigações. Na madrugada, o celular de um dos homens sumiu e o grupo acusou Adailton de furto. Eles chegaram a ir até a casa do professor para questioná-lo sobre o sumiço do aparelho. A discussão desenrolou-se até o momento em que um homem disse que a situação não ficaria daquele jeito e atirou contra Adailton.
A polícia identificou o autor dos disparos. O acusado também seria morador de Santa Maria. Até o fechamento desta edição, ele ainda não havia sido capturado. Em relação à motivação do crime, de acordo com o delegado Paulo Fortini, responsável pelo caso, as acusações de furto sobre Adailton são infundadas. Ontem, os agentes da PCDF seguiram com a apuração dos fatos. “Ainda estamos realizando algumas etapas delicadas da investigação”, disse Fortini.