Violência

Incendiado em parada de ônibus

Um homem, ainda não identificado, morreu após sofrer queimaduras de segundo e terceiro graus enquanto dormia no abrigo de coletivos. O caso é tratado como homicídio, mas não há informações sobre o suspeito

A Polícia Civil investiga a morte de um homem que teve o corpo incendiado enquanto dormia em uma parada de ônibus, na madrugada de ontem, em Águas Claras. A tragédia aconteceu na Avenida Castanheiras, próximo à Administração Regional da cidade. A vítima ainda não foi identificada, mas, de acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), aparentava ser uma pessoa em situação de rua. A princípio, as investigações apontam o ato como criminoso.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) foi acionado por volta das 4h15 para apagar um incêndio. Ao chegar no local, encontraram o homem queimado. Segundo a corporação, ele ainda respirava e estava com algumas chamas na roupa. A vítima foi colocada, imediatamente, na viatura da corporação, onde foram tomadas as medidas de socorro de emergência para o atendimento, resfriando o paciente e o protegendo, para evitar o agravamento do quadro. No entanto, ele não resistiu às queimaduras de segundo e terceiro graus e morreu no local.

Uma equipe da Unidade de Suporte Avançado (USA) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e confirmou o óbito. O corpo ficou no interior da viatura, aguardando a perícia da Polícia Civil. O caso está sendo investigado pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). O Correio tentou contato com os delegados da unidade, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. Por meio da Divicom, foi informado que a ocorrência é tratada como homicídio, no entanto, por ora, não há suspeitos nem sabe-se a dinâmica do crime.

O porteiro de um condomínio próximo à parada de ônibus, que não quis se identificar, disse que a vítima era sempre vista na região. A funcionária de um restaurante de comida japonesa contou que o homem era tranquilo e não mexia com ninguém na rua. “Nunca o vimos fazendo nenhum tipo de bagunça. Ele dormia sempre nas paradas, daqui, das redondezas, e o único problema era a sujeira que ele deixava. Tirando isso, era tranquilo”, afirmou a mulher.

Paranoá

Este é o segundo atentado com fogo nas ruas do DF, este mês. Em 1º de setembro, um homem em situação de rua sobreviveu depois que uma pessoa, com quem havia se desentendido, jogou gasolina e ateou fogo no corpo dele. A tentativa de homicídio aconteceu na Quadra 30 do Paranoá.

A vítima, identificada como Albert Rodrigues, 24 anos, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, e recebeu atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Em depoimento aos agentes da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), ele informou quem tinha sido o agressor, que foi encontrado pelos policiais e preso.

Índio Galdino

Em 20 de abril de 1997, o índio Galdino Jesus dos Santos morreu queimado em uma parada de ônibus na W3 Sul, um dia depois do Dia do Índio. Os autores do crime foram jovens de classe média que estacionaram o carro próximo à parada onde o cacique da tribo Pataxó Hã-hã-Hãe, com 44 anos, à época, dormia.

Os criminosos usaram álcool e fósforo e queimaram Galdino vivo. Essa era a segunda passagem do indígena por Brasília. Ele havia chegado na capital para a comemoração do Dia do Índio. O cacique deixou a festa por volta de 0h e se direcionou à pensão onde estava hospedado, a 200 metros do ponto de ônibus onde aconteceu a barbárie. Perdido, chegou ao local às 3h, contudo, não pôde entrar. Ele foi para a parada de ônibus, descansou por algumas horas e, por volta das 5h30, foi assassinado pelos cinco jovens.