A corrida para a produção de uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus ganha, todo dia, novos estudos, candidatos e dados de testes. Atualmente, quatro medicamentos tiveram aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para realizar testes de fase 3 no Brasil. Essa é uma das últimas etapas antes da comercialização e distribuição. No Distrito Federal, duas vacinas estão nesse estágio, apesar de ainda não haver negociações do governo local para adquiri-las com prioridade. Outras duas, que não são testadas em Brasília até o momento, estão no radar de autoridades para serem distribuídas na capital. Entenda quais são elas e que resultados apresentaram.
Coronavac
A primeira a chegar à capital foi a CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Os ensaios estão sendo coordenados pelo Instituto Butantan, com apoio da Universidade de Brasília (UnB). Nas fases anteriores, houve produção de anticorpos em 90% dos participantes que receberam a imunização.
Ao todo, 850 voluntários devem participar dos testes da CoronaVac, que são exclusivos para profissionais da saúde e realizados no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Na última sexta-feira (25/9), o governador de São Paulo, João Doria, anunciou a ampliação da testagem desse produto no país.
De acordo com o Butantan, “a vacina desenvolvida pela Sinovac Life Science, é uma das mais promissoras do mundo, porque utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas”. Os primeiros cinco voluntários do DF já receberam a segunda dose de testes.
Ad26.COV2.S
Outra medicação que será testada em moradores da capital é a Ad26.COV2.S, da farmacêutica Johnson & Johnson e do laboratório belga Janssen. Ela vai ser aplicada em 800 moradores da capital e do Entorno, com dose única, coordenada pelo L2iP Instituto de Pesquisas Clínicas.
Os testes devem começar na segunda ou terceira semana de outubro, pouco depois do início em São Paulo. Um estudo publicado recentemente pela plataforma medRxiv analisou dados das fases 1 e 2 do ensaio e detalhou “altas taxas de resposta”, com anticorpos neutralizantes detectáveis 29 dias após a vacinação em 98% dos voluntários.
Sinopharm
Apesar dos testes em voluntários do DF, não há garantias de que estas vacinas duas serão distribuídas na capital. Mas há negociações em andamento com outros dois laboratórios. Um acordo firmado em julho com a Sinopharm estabelece a prioridade na aquisição da vacina, em caso de aprovação, após participação na terceira fase dos estudos. A Secretaria de Saúde ressalta, contudo, que "mesmo participando de um braço da pesquisa da Sinopharm, levará em consideração a qualidade e segurança de todas as vacinas em andamento, para que os cidadãos do DF possam ser imunizados."
Sputnik V
Outro acordo em construção é para aquisição da Sputnik V. O ex-deputado federal Rogério Rosso, diretor de Negócios Internacionais da farmacêutica União Química, tem negociado com o governo da Rússia para a produção da vacina, a primeira registrada para uso amplo no mundo. Um acordo de confidencialidade, no entanto, mantém os termos da negociação em sigilo.
Cenário nacional
Outros dois produtos estão sendo testados em outras unidades da Federação, como a vacina produzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em conjunto com o laboratório AstraZeneca. A vacina está sendo testada no Brasil desde junho no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) coordena o estudo clínico.
Esta pesquisa usa uma tecnologia moderna de imunização. O grupo trabalha com o adenovírus, vírus que causa o resfriado comum, modificado geneticamente para carregar, além das proteínas inerentes a ele, proteínas do Sars-Cov-2.
Os testes desta vacina precisaram ser interrompidos, no início do mês, após uma paciente que recebeu o imunizante apresentar mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e costuma ser desencadeada por infecções virais. Após análise do caso, no entanto, houve a confirmação de que a vacina não havia sido responsável pela reação adversa e os testes foram retomados.
Pfizer
Outra vacina testada atualmente no Brasil é a da farmacêutica estadunidense Pfizer, em parceria com a alemã BioNTech. Iniciados em agosto, na Bahia, os testes feitos no Brasil foram ampliados em 18 de setembro. A fórmula imunizadora é feita com base no RNA — molécula do vírus responsável por copiar e transportar informações do DNA para elaboração de proteínas — do Sars-CoV-2.
A vacina está na terceira fase do estudo clínico e publicou, em 17 de setembro, os protocolos de testagem. Até o momento, a avaliação dos especialistas é de que apresenta bons resultados.
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