Chuvas

Chuva deve continuar até quinta-feira, mas no fim de semana tempo seco estará de volta

As precipitações mais frequentes só devem aparecer a partir da segunda quinzena de outubro

Darcianne Diogo
Adriana Bernardes
postado em 22/09/2020 06:00 / atualizado em 22/09/2020 16:33
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Diferentemente do inverno, que trouxe temperaturas elevadas e baixa umidade do ar, a primavera de 2020 chega ao Distrito Federal, hoje, especificamente às 10h31, com a promessa de chuvas e clima ameno, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ontem, após 119 dias de estiagem, os brasilienses puderam comemorar as primeiras precipitações na capital da República.

A expectativa é de que a chuva dure, pelo menos, até quinta-feira e, na sexta, sábado e domingo, é possível que o tempo fique seco novamente, como avalia Andreia Ramos, meteorologista do Inmet. As precipitações mais frequentes, contudo, só aparecerão a partir da segunda quinzena de outubro. “É de se esperar pancadas de chuvas com trovoadas e até vento com rajadas”, explicou.

O inverno começou em 20 de junho e terminou na manhã de hoje. A estação trouxe temperaturas elevadas nos últimos dias. Vale ressaltar que, no sábado, o Distrito Federal registrou o dia mais quente do ano, com máxima de 35,5°C e a umidade do ar ficou em 12%, colocando a capital em estado de alerta. Segundo Andrea Ramos, o clima seco deve diminuir nos próximos dias.

Alegria

Ontem, os brasilienses se animaram ao ver as primeiras precipitações. Quando a chuva caiu no Sudoeste, a cena se repetiu das janelas, como é tradição após a longa estiagem. Adultos e crianças comemoraram e registraram a cena em fotos e vídeos. Mas isso não foi o bastante para a pequena Lorena Kaari Fernandes, 6 anos.

A alegria da pequena foi tanta, que ela pediu à mãe, Petra Kaari, 44 anos, para tomar banho de chuva. Paramentada com uma panelinha de brinquedo, a menina aproveitou o quanto pôde a chuvinha e o cheiro de terra molhada. E sabe do que Lorena gosta desse período chuvoso? “Das poças de lama”, ela respondeu. Mas e a panelinha, para que é? “É pra levar a chuva pra casa”, disse. E o que você vai fazer com essa água de chuva? “Brincar com minha boneca de fazer macarrão”, falou enquanto puxava os galhos de uma árvore para apanhar mais gotas de chuva.

Petra acompanha a alegria da filha de perto. O clima da capital é uma das coisas de que a servidora pública mais gosta em Brasília. “Amo o tempo seco. E quando chove no Cerrado, ela vem forte e logo o céu abre e o sol aparece. Sou de São Paulo e, lá, quando chove, o tempo fica um tempão cinza, nublado. Dá até uma tristezinha”, compara.

A professora Maria Lúcia Bezerra, 27, também ficou feliz com a chuva. Ela conta que, com o tempo seco, sofre com problemas de saúde, como sangramento de nariz, problemas respiratórios, dores de cabeça, além de irritações no rosto. “Esse ano foi muito seco aqui no DF, mas criei expectativas de ainda chover em setembro e deu certo. O ruim do calor excessivo e da baixa umidade é porque, além de afetar minha saúde, me desmotiva nas atividades do dia a dia”, desabafa.

Diogo Delfino, 28, saiu, ontem, com a mulher, Francinilda Ximenes, 27, e os amigos Anderson Moreira, 21, Maria Ariana, 23, e Renata do Rêgo, 19. Eles foram acompanhar a sessão de fotos de Maria na orla do Lago Paranoá, que está grávida de 8 meses. “Quando saímos de casa, o céu estava nublado, mas ainda fazia um sol. A chuva nos pegou de surpresa, mas não atrapalhou os registros”, conta o gestor de tecnologia da informação.

O jovem veio da cidade de João Pinheiro, em Minas Gerais, e mora há seis anos em Brasília. Ele compara o clima das duas regiões. “Minas é quente, mas, por outro lado, é mais úmido. Aqui, não. É muito seco. Assim que cheguei, estava bem frio, mas não durou por muito tempo. O calor veio logo. Eu, como um bom mineiro, amo uma chuvinha. É sempre bom”, brincou.

Expectativa

O volume de chuvas esperado para este mês em todo o DF é de 46,6 milímetros. Até o momento, no total, a capital atingiu 9,4 mm, somente ontem. A Estação Ponte Alta do Gama foi a região onde mais choveu (22,2 mm), seguido por Águas Emendadas (19 mm), Brasília (9,4 mm), Brazlândia (4 mm) e Paranoá (4 mm). Para outubro, o esperado é de 159,9 mm.

Segundo a meteorologista Andrea Ramos, só será possível saber se a capital atingiu a média após o fechamento do mês. “Ainda não temos como prever se choverá essa quantidade, pois ainda temos que esperar os próximos dias para fazer o balanço”, destacou.

Pelo menos até quinta-feira, a temperatura máxima deve ficar entre 27°C e 29°C e a mínima em torno de 15°C e 16°C, de acordo com o Inmet. Na sexta-feira, o calor retorna, registrando máxima de 30°C. “Nos próximos dias, a tendência é o aumento da umidade, que deve ficar de 90 a 95% na máxima e 45% na mínima”, frisou Andrea.

Orientações Defesa Civil

No caso de destelhamento devido aos ventos fortes, permanecer dentro de casa e procurar abrigo, como uma mesa ou cama

Quando as chuvas forem acompanhadas de raios, é importante não usar telefone ligados em tomadas e não ficar próximo de canos, janelas e portas metálicas

Para quem estiver na rua, não segurar objetos metálicos longos, não empinar pipas, não andar a cavalo, não permanecer na água, não ficar em áreas abertas (campos de futebol, quadras e estacionamentos), não permanecer no alto de morros ou em topo de prédios, não se aproximar de cercas de arame, varais metálicos, linhas elétricas aéreas e trilhos, não se abrigar debaixo de árvores isoladas.

Ranking de estiagem

1º - 1970 (135 dias)
2º - 1966 (131 dias)
3º - 2010 (130 dias)
4º - 2017 (127 dias)
5º - 1995 (126 dias)
6º - 2007 (125 dias)
7º - 2008 (123 dias)
8º - 2020 (119 dias)
9º - 1991 (117 dias)
10º - 2019 (113 dias)

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  • Francinilda Ximenes, Diogo Delfino, Renata Rêgo, Anderson Moreira e Maria Ariana: a celebração da chegada da primavera
    Francinilda Ximenes, Diogo Delfino, Renata Rêgo, Anderson Moreira e Maria Ariana: a celebração da chegada da primavera Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Brasilienses se animam com chuva no DF, após longo período de estiagem
    Brasilienses se animam com chuva no DF, após longo período de estiagem Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Lorena e a mãe, Petra Kaari, curtem a chuva no prédio do apartamento onde moram, no Sudoeste
    Lorena e a mãe, Petra Kaari, curtem a chuva no prédio do apartamento onde moram, no Sudoeste Foto: Adriana Bernardes/CB/D.A Press

Estragos em vários pontos do DF

 (crédito: Reprodução/rede sociais)
crédito: Reprodução/rede sociais

Apesar de aliviar as temperaturas elevadas no DF, as chuvas trouxeram alguns problemas para os brasilienses, como os alagamentos e quedas de energia. Na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), a água da chuva tomou de conta das vias. Até o fechamento desta edição, o Corpo de Bombeiros não havia registrado acidentes graves por causa das precipitações.

Segundo a Companhia Energética de Brasília (CEB), ontem, a falta de luz atingiu, pelo menos, cinco cidades do DF: Guará, Lago Sul, Lago Norte, Planaltina e Santa Maria. No Guará, por exemplo, a queda de energia atingiu 6.872 unidades consumidoras atendidas pelo circuito NB08 (Subestação do Núcleo Bandeirante) e afetou as áreas de Colônias Agrícolas IAPI e Bernardo Sayão, Pólo de Moda do Guará II e QE’s 38 a 54.

Cuidados

O diretor de Educação de Trânsito do Detran, Marcelo Granja, orienta os condutores a redobrarem a atenção nessa época, uma vez que, após o extenso período de estiagem, é comum que as pistas acumulem sujeira, fuligem e óleo. “Associados à chuva, esses materiais podem deixar as vias escorregadias, o que aumenta os riscos de acidentes de trânsito. É muito importante estar atento às condições e à calibragem dos pneus”, alerta.

Segundo ele, algumas medidas para estar seguro no trânsito é reduzir a velocidade, aumentar a distância do veículo da frente e usar o ar-condicionado ou abrir um pouco os vidros para melhorar a visibilidade. Motoristas e ciclistas também devem ficar atentos. “Adotar a distância de um metro e meio do ciclista (na ultrapassagem) é o ideal para evitar acidentes, mas a atenção deve ser permanente”, ressalta.

Pamela Vieira, chefe da Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do DF, explica que os motoristas devem se atentar às condições de manutenção do veículo, em especial qualidade dos pneus, sistemas de freios e limpadores dos para-brisas. “No sulco dos pneus, existe uma saliência chamada TWI. Quando esta marca está alinhada com a parte externa, é porque o pneu não possui mais condições de segurança e deve ser trocado. O sistema de freios deve estar em perfeito estado, principalmente nos veículos mais pesados, como os ônibus e caminhões. O limpador de pára-brisas costuma ressecar no período de estiagem. O proprietário do carro deve verificar se ele está em condições de uso”, frisa.

Ela destaca, ainda, que, os condutores devem se lembrar de que o trânsito em pistas com mais de uma faixa num mesmo sentido deve ser feito pela faixa da direita, pois a faixa da esquerda é para ultrapassagens. “Evitem permanecer na faixa da esquerda se não tiver ultrapassando, para que quem queira ultrapassar não fique fazendo transposições desnecessárias de faixas, pois essas manobras costumam causar acidentes”, explica.

Quanto aos prejuízos em residências causados pelas chuvas, o assessor especial da Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil, coronel Motta Júnior, dá dicas. “A limpeza de calhas pode evitar as infiltrações na parte elétrica e na estrutura da casa. Antes de chover, costuma ventar muito, o que pode levar folhas e outros elementos para as calhas. É uma medida simples e de baixo custo, que previne grandes estragos”, finaliza.

*Colaborou Jéssica Eufrásio

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