Se manter a casa e o escritório higienizados durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus já é importante, a sanitização constante dos espaços de saúde torna-se primordial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que estes locais passem por limpeza frequente, preferencialmente com álcool etílico 70% (para equipamentos reutilizáveis, como termômetros) e hipoclorito de sódio a 0,5% para superfícies.
Nas unidades de saúde do Distrito Federal, este serviço fica por conta das equipes de profissionais terceirizados, contratados pelas empresas de limpeza que atuam nos locais. Em nota oficial, a Secretaria de Saúde (SES-DF) informou que “esses profissionais realizam a limpeza a cada três horas, devido à grande circulação de pessoas portadoras da covid-19 nas unidades de saúde.”
Além disso, o programa Sanear-DF, parceria entre a Secretaria de Cidades e a diretoria de Vigilância Ambiental, tem feito a descontaminação de espaços públicos. Agentes, equipados com macacões, máscaras, luvas e botas, borrifam as áreas internas e externas dos ambientes, com hipoclorito de sódio a 1%, mesmo princípio ativo da água sanitária. Divino Valero Martins, subsecretário de vigilância em saúde, explica que, nas unidades hospitalares, os procedimentos são focados, principalmente, nas áreas externas. “Esses locais já têm toda uma estrutura, com empresa contratada que faz a higienização usando produtos diferenciados. Então, nós vamos com um olhar mais amplo: maçanetas e portas, porque a parte interna é feita por empresas especializadas, por se tratar de local de risco.”
Orientações
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que todos os ambientes hospitalares e clínicos devem ser mantidos higienizados, desinfetados e ventilados, incluindo as áreas comuns e de uso coletivo, como refeitórios, banheiros e vestiários. A Nota Técnica 4/2020, publicada pelo órgão, reforça que, em postos de enfermagem, por exemplo, a higienização deve ser feita, pelo menos, duas vezes a cada turno de trabalho. Mesmo com a limpeza, profissionais e pacientes não podem esquecer de lavar sempre as mãos, usar equipamentos de proteção, e manter distanciamento.
Biomédica especialista em vigilância sanitária, a gerente de qualidade do grupo Sabin, Maria Alice Escalante, explica que os profissionais de limpeza precisam usar saneantes regularizados pela Anvisa, além de receber treinamento adequado para descontaminação. “É importante usar um produto de desinfecção para áreas críticas. Nada de uso doméstico pode ser usado em áreas de saúde. Detergente neutro não pode. Tem que ser sabão de uso hospitalar”, enfatiza. “A frequência segue um protocolo individual de cada instituição, mas, recomenda-se que seja feita, a cada uma hora, a limpeza de superfícies.”
Lixo hospitalar
O descarte de resíduos sólidos de hospitais, clínicas e demais unidades de saúde deve ser feito com extremo cuidado. Maria Alice explica que o conteúdo das lixeiras precisa ser recolhido quando o recipiente estiver com 2/3 da capacidade preenchida. “Esse conteúdo não pode ser misturado com o lixo comum, e precisa ser encaminhado a uma empresa especializada e licenciada para esse fim. Normalmente, esse lixo é incinerado”, destaca. “É um risco enorme para a população, se for descartado de qualquer forma.”
No DF, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) faz o recolhimento de lixo comum, assim como higienizações nas áreas externas dos hospitais públicos. Contudo, o lixo hospitalar é coletado por uma empresa contratada pelo SLU, especializada na gestão desse tipo de resíduo infectante, conforme informou a SES-DF. Em nota oficial, o SLU esclareceu que a empresa Belfort Gerenciamento de Resíduos LTDA EPP é responsável pelo gerenciamento de resíduos de hospitais públicos do DF. “Todo resíduo hospitalar coletado pela Belfort é encaminhado para incineração na unidade da empresa localizada em Santo Antônio do Descoberto (GO). Os executores desse contrato, que são servidores do SLU, fiscalizam diariamente o cumprimento da prestação de serviço. Tudo é documentado e acompanhado pelo SLU.”
653 novos casos
Nas últimas 24 horas, o DF registrou mais 653 casos do novo coronavírus, totalizando 183.749 pessoas infectadas, desde o início da pandemia. Segundo boletim publicado diariamente pela Secretaria de Saúde, mais 14 mortes por covid-19 foram confirmadas ontem. Nenhum dos óbitos, no entanto, aconteceu no domingo, mas no período entre 14 de agosto e 19 de setembro — 11 homens e três mulheres.
Limpeza adequada
A Anvisa destaca uma série de princípios básicos para a limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de saúde, entre os quais:
O profissional encarregado não deve usar adornos (anéis, pulseiras, relógios, colares, piercing, brincos) durante o período de trabalho
O uso de equipamento de proteção individual (EPI) deve ser apropriado para a atividade a ser exercida
Nunca varrer superfícies a seco, porque isso favorece a dispersão de microrganismos que são veiculados pelas partículas de pó. Apenas varredura úmida
Todos os produtos saneantes utilizados devem estar devidamente registrados ou notificados na Anvisa
Todos os equipamentos deverão ser limpos a cada término da jornada de trabalho
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Hospital de campanha
Liderando o ranking das regiões administrativas com mais casos de covid-19 no Distrito Federal, Ceilândia aguarda a entrega do hospital de campanha. A ordem de serviço para construção foi assinada pelo governador Ibaneis Rocha em 13 de julho, com previsão de entrega, à época, de 30 a 60 dias. O prazo rápido foi o mesmo dado às obras feitas como medida de enfrentamento à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Segundo a Secretaria de Saúde (SES-DF), as obras estão 80% concluídas e devem ser entregues ainda na segunda quinzena de setembro. “A obra está nos acabamentos internos, pintura e instalação do piso, restando a conclusão das instalações elétricas, hidráulicas e de gases medicinais”, informou a pasta, por nota oficial.
A unidade irá funcionar em uma área de aproximadamente 22,9 mil metros quadrados, na QNN 27, próximo à unidade de pronto atendimento (UPA). Depois de pronto, o hospital vai comportar 60 leitos, sendo 20 de suporte respiratório e 40 de enfermaria. As obras foram licitadas pela SES-DF, e orçadas em R$ 10,4 milhões. A expectativa é de que, após a pandemia, ele se torne o Hospital Materno Infantil de Ceilândia.
Dados do boletim epidemiológico divulgado ontem mostram que, em Ceilândia e no Sol Nascente, mais de 21 mil pessoas já foram infectadas pelo vírus, das quais 525 morreram. A taxa de letalidade nas regiões é de 126,6 por 100 mil habitantes. Além da UPA e do Hospital Regional, a área tem o novo hospital modular, inaugurado em julho. O local tem 54 módulos hospitalares refrigerados com 73 leitos — sendo três com suporte de ventilação mecânica —, distribuídos em uma área de 1.015m².