Uma professora de 31 anos foi esfaqueada pelo ex-namorado no Vale do Amanhecer, em Planaltina, no último domingo (13). O homem começou a perseguir a vítima em junho, depois que ela voltou para a casa da avó em razão da pandemia de coronavírus. Ela estava morando em Taguatinga, mas por conta do isolamento, decidiu retornar temporariamente para a casa da família. O relacionamento de ambos havia terminado há 12 anos.
Em conversa com o Correio, a educadora contou detalhes do crime e disse que as ameaças começaram assim que ele notou a presença dela na região de Planaltina. “Nós tivemos algo simples e passageiro há 12 anos. Em junho, quando eu voltei, ele veio atrás e eu disse que queria ele longe, que não queria nem a amizade dele”, explica. A professora conta que, após isso, o ex começou a mandar mensagens ameaçadoras.
A vítima, foi atingida em um bar próximo de casa, quando fazia as unhas. “A dona do bar é manicure também. Ela não pode ir até a minha casa, pois o estabelecimento estava aberto”, disse. A professora foi surpreendida com a chegada do ex-namorado, já com a faca nas mãos. “Quando eu vi ele com a faca, fui pra cima, tentar segurá-lo. Quando consegui um espaço, sai correndo. Foi nesse momento que ele me atingiu. Uma das facadas, nas costas, perfurou o pulmão esquerdo. Então eu saí, desesperada. Eu corri sangrando por 500 metros, pedindo ajuda para os vizinhos”, contou.
A professora está internada em um hospital público do DF e não corre risco de morte. De acordo com boletim médico, a faca passou a menos de 1 centímetro do coração.
O homem foi preso em flagrante, horas após o crime, por policiais da 16ª Delegacia de Planaltina, próximo a uma cachoeira da região. Segundo a Polícia Civil, ele ainda estava com a faca usada no crime. O caso foi enquadrado na lei Maria da Penha por conta do relacionamento que eles tiveram no passado.
Da ficção à realidade
Entre histórias reais e contos imaginários, a professora publica na internet textos com o objetivo de alertar para a violência contra a mulher. Quando era mais jovem, a vítima chegou a se envolver com droga e foi presa na Bahia. Ao sair do encarceramento, ela se dedicou a escrever para afastar as pessoas do mundo do crime e alertar para situações de violência. Uma das postagens, que conta parte da história dela e mistura elementos de ficção, tem 84 mil leituras na internet.
Apesar de escrever sobre o tema, a moradora conta que nunca havia passado por uma situação do tipo. “Eu resolvi fazer textos sobre isso, motivar as mulheres a denunciar, e agora aconteceu comigo. Mas ainda bem que estou viva, e por isso estou aqui contando para o mundo o que aconteceu”, completou.
Em um dos textos, um romance chamado “Doce Veneno de Cascavel”, a escritora conta a história de uma mulher que vive em um relacionamento abusivo, mas tem medo de terminar por conta de ameaças do marido. O roteiro, com 25 capítulos, se entrelaça com o temor vivido por milhares de vítimas de violência doméstica em todo o país.
Como pedir ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
» De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
» Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
» Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172
Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
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