Pacientes, familiares e profissionais da saúde levaram um susto, ontem pela manhã, após um incêndio no quinto andar do Hospital Santa Luzia, no Setor Hospitalar Sul (SHS). A suspeita é de que o fogo teria começado durante a manutenção do equipamento de ar-condicionado daquele piso, mas a informação será confirmada após perícia do Corpo de Bombeiros — o laudo deve ficar pronto em até 30 dias.
Devido às chamas, parte dos pacientes internados foi retirada às pressas do local, alguns em macas. Houve a necessidade de esperar quase uma hora no estacionamento privado do hospital para retornar à unidade. Alguns chegaram a ser transferidos para o Hospital do Coração, também pertencente à Rede D’Or Brasília, próximo dali. Não houve vítimas.
O Corpo de Bombeiros recebeu o chamado às 10h11 e chegou ao local em seis minutos. No total, 80 militares e 24 veículos atenderam à ocorrência. Segundo o major Alisson Krüguer, responsável pela operação, o fogo, de fato, teria começado no sistema de refrigeração. “Inicialmente, um serviço de manutenção de solda em equipamento de ar-condicionado no terraço teria provocado o incêndio”, informou.
Além da correria e do susto, o incêndio provocou situações inusitadas, como de Nasser Romeu, 23 anos, que conheceu o filho recém-nascido no estacionamento da unidade de saúde. “A minha esposa entrou na cirurgia para fazer a cesariana e, quando retiraram o Samir, meu filho, e começaram a fazer a sutura nela, iniciou-se o incêndio”, relembrou.
Nasser aguardava com a sogra em um quarto do hospital e, ao olhar pela janela, percebeu a fumaça. “Falei para sairmos de lá, porque o prédio estava pegando fogo”, contou. No estacionamento, ele encontrou a esposa e o filho. “Quando ela desceu, o incêndio estava controlado. Mesmo assim, ela estava chorando muito. Já o Samir foi um dos primeiros a sair, no colo de uma enfermeira, e ficou dentro de um carro com a profissional, até poder retornar para a unidade de terapia intensiva (UTI) devido ao parto prematuro”, completou o Nasser.
Na hora do incêndio, um médico do Hospital Santa Luzia fazia uma operação, no quarto andar. “A cirurgia teve de ser interrompida naquele momento. As anestesistas acordaram o paciente no meio do processo para retirá-lo do hospital”, contou. Segundo o profissional de saúde, que não quis se identificar, as equipes da enfermaria e os brigadistas do hospital ajudaram na retirada de quem estava no local.
Kenia Maria, 35, tinha visitado o pai mais cedo e, após saber do incêndio, voltou para o hospital. “Quando eu cheguei, os pacientes estavam sendo transferidos. O meu pai, no caso, foi levado para o Hospital do Coração. Ele me contou que não chegou a sentir cheiro de fumaça lá e que tudo foi resolvido com muita calma e cautela” relatou a familiar.
Evasão
Em nota, a assessoria do Hospital Santa Luzia esclareceu que houve um foco isolado de incêndio em um equipamento instalado no telhado da unidade, mas que a situação foi, rapidamente, controlada pela Brigada de Incêndio e pelo Corpo de Bombeiros. “Foi realizada a evacuação preventiva de pacientes, cumprindo corretamente o que determina o protocolo de segurança, e os mesmos foram reacomodados de volta ao hospital após autorização do Corpo de Bombeiros. Não houve feridos”, esclareceu.
Apesar de as chamas terem começado no terraço da unidade de saúde, onde não havia pacientes, a decisão de evadir o prédio foi tomada em conjunto pelos bombeiros e pela equipe do hospital, devido ao alastramento da fumaça no quarto e no terceiro andares. “No momento em que a gente percebeu que a fumaça começou a atingir outros andares, orientamos a evasão dos respectivos locais e, simultaneamente, começamos o Grupamento de Prevenção e Combate a Incêndios Urbanos (Gpciu), começando pela ventilação e tirando a fumaça do local”, detalhou o major Alisson. “Os demais andares não precisaram ser evacuados”, completou.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Sprinklers (ABSpk), Felipe Melo, especialista em medidas de proteção contra incêndios e emergências, outros motivos ligados à rede elétrica também podem causar incêndios. “Além de problemas com soldas de ar-condicionado, é comum a gente ver casos envolvendo coifa de cozinha, devido a acúmulos em dutos de ventilação ou até mesmo em fritadeiras”, explicou. Por isso, a atenção deve ser redobrada. “Uma das medidas de segurança que pode ajudar muito nesses momentos são rotas de fuga nos hospitais, que ajudam em uma evacuação mais rápida, e a adoção de chuveiros automáticos, chamados de sprinklers, que controlam o incêndio logo no início”, aconselhou.