Enquanto a vacina chinesa CoronaVac passa por fase de testes, representantes do DF tentam conseguir novas formas de incluir a capital federal nesses ensaios. Nesta quinta-feira (27/8), o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov recebeu o secretário de Saúde interino, Osnei Okumoto; o diretor-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), Sergio Luiz da Costa; o deputado federal Julio Cesar (Republicanos) e o distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos). No encontro, a pauta foi o fechamento de um acordo de cooperação.
O grupo debateu a possibilidade de incluir o DF na fase de testes da vacina russa contra o novo coronavírus, a Gam-COVID-Vac. O Governo do Paraná foi o primeiro a manifestar interesse em um acordo nesse sentido com o país, mas representantes de outros estados também têm procurado o representante da Rússia no Brasil com o mesmo objetivo. O Distrito Federal deve entrar na fila. “O embaixador se mostrou muito solícito. Estamos buscando soluções. As pessoas estão com medo de sair (de casa). Estamos bem confiantes. Saímos de lá com a missão de o governo encaminhar a carta (de interesse) nos próximos dias”, detalhou o deputado Julio Cesar.
Rodrigo Delmasso afirmou que tem buscado aproximação com o governo da Rússia, além do Reino Unido, onde a vacina da Universidade de Oxford está em testes. “A reunião (desta quinta-feira) foi muito animadora. O governo russo tem interesse em ampliar as parcerias. Tanto com o objetivo de produção quanto de ampliar o espaço para testes fora do país. O próximo passo cabe ao Governo do Distrito Federal (GDF), que é encaminhar um ofício demonstrando a intenção”, comentou o deputado.
Transparência
A vacina foi anunciada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 11 de agosto. Em videoconferência com integrantes do governo exibida pela televisão, o mandatário afirmou que o medicamento tinha capacidade de gerar "imunidade duradoura". No entanto, o anúncio provocou desconfiança pela rapidez do processo de criação. Batizado de Sputnik V, em referência às naves satélites enviadas ao espaço pela antiga União Soviética, o medicamento está na terceira fase de testes.
A Embaixada da Rússia informou que, por enquanto, nenhum acordo específico está em discussão. O primeiro contato serviu para avaliação das perspectivas de uma possível cooperação. A negociação ocorre por meio do Fundo de Investimento Direto do país. Os resultados das duas primeiras fases serão publicados em uma revista internacional na semana que vem, mesmo período em que 40 mil russos começam a receber as doses.
Na quarta-feira (26/8), a Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 da Câmara dos Deputados recebeu o diretor do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia, Kirill Dmitriev; o embaixador do país no Brasil; e o diretor do Instituto Gamaleya, Alexander Guintsburg. O laboratório fica em Moscou e é responsável pelo desenvolvimento da vacina Sputnik V.
“Em continuação da reunião de hoje (quinta-feira), vamos continuar as conversas com o GDF, e definir de que tipo pode ser a possível parceria. O governo russo e as instituições envolvidas no desenvolvimento e na promoção da vacina são absolutamente transparentes sobre o processo do desenvolvimento dela”, informou a embaixada, em nota.
“Estamos dispostos a esclarecer tudo o que não está claro sobre a tecnologia usada, a sua eficácia e segurança. E com certeza, sempre sublinhamos que mesmo que a vacina tenha sido registrada provisoriamente na Rússia para começar os testes da fase 3, nos outros países esses testes começarão somente após a obtenção das devidas autorizações dos órgãos regulatórios nacionais”, destacou o texto.
A Secretaria de Saúde informou que o encontro com representantes da Embaixada da Rússia ocorreu por convite do deputado Delmasso e que a reunião foi "apenas para dar espaço de discussão à possibilidade de a vacina russa ser testada e produzida no DF".