A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (27/8), a Operação Pavo Real com o objetivo de desmontar uma organização criminosa acusada de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores por meio do tráfico internacional de drogas.
Nesta fase, foram cumpridos 21 mandados de prisão, sendo 16 preventivas e cinco temporárias, e 67 mandados de busca e apreensão. Foram alvos locais nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal.
Todos os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Rondônia, especializada em crimes praticados por organizações criminosas, contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Outras cinco pessoas investigadas tiveram as prisões convertidas em domiciliar, em razão das idades e por possuírem filhos pequenos.
O principal alvo da PF é o traficante Jarvis Chimenes Pavão. Ele é acusado de tentar dominar o tráfico internacional de drogas na fronteira do Brasil. Ele chegou a matar líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e iniciar uma guerra com o grupo. Pavão está preso na Penitenciária Federal de Brasília.
Andamento das investigações
A operação teve início em fevereiro de 2019, por meio da Polícia Federal em Rondônia, com a finalidade de identificar a ocultação de bens e a movimentação de valores por um dos internos da Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), com vasto histórico criminal e condenações pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e posse ilegal de arma de fogo.
A partir dos levantamentos foi identificada a existência de uma organização criminosa voltada para a ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas, composta, em grande parte, por familiares do investigado, incluindo a esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos, todos com prisão decretada.
Agentes Federais de Execução Penal apreenderam, na cela do interno, na Penitenciária de Porto Velho, bilhetes redigidos por ele mesmo com anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.
Com a liderança exercida pelo interno e o filho, os investigados se associaram para a perpetuação e controle do tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, começando, assim, uma “guerra” contra facções e organizações rivais.
Primeira fase
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação, com o cumprimento de mandados de busca em imóveis de alto padrão, alugados pelos familiares do interno, em Porto Velho. Na ocasião, os agentes apreenderam armas, munições, diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram o esquema de lavagem de capitais. Os criminosos passaram a morar nos imóveis citados para facilitar as visitas à Penitenciária Federal.
Mesmo sem a apreensão de qualquer tipo de droga ao longo da investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões, das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas, pela organização criminosa, para a movimentação dos valores ilícitos.
A Justiça Federal determinou, também, o sequestro específico de 17 veículos de luxo, com valores individuais de mercado superiores a R$ 100 mil cada, que, somados, alcançam um valor aproximado de R$ 2,3 milhões, além do sequestro de todos os veículos em nome/em uso pelos investigados.
Foram sequestrados, ainda, cerca de 50 imóveis que, segundo valores atuais de mercado, ultrapassam a quantia de R$ 50 milhões, além de dezenas de outros imóveis, registrados em nome de membros da organização criminosa, cujo valor patrimonial total será apurado após a deflagração.