A Galeria dos Estados, enfim, será entregue para a população e lojistas, revitalizada e com acessibilidade para pessoas que têm dificuldade de locomoção. A reforma iniciou após o desabamento de parte do viaduto do Eixão, em fevereiro de 2018. Nesse período, foram feitos a recuperação da estrutura viária e serviços de melhoria na passagem subterrânea, onde há várias lojas e a estação do metrô. Ao todo, cerca de R$ 5 milhões foram investidos só na reforma interna do local.
Entre os serviços realizados no espaço, está a colocação de pisos de granito, revestimentos nas paredes e tetos, cabeamento para internet, reforma dos banheiros públicos, circuito interno de segurança e iluminação de LED. Toda a laje do viaduto também foi impermeabilizada. A passagem subterrânea, localizada entre o Setor Comercial Sul e o Setor Bancário Sul, um dos principais pontos de circulação de pedestres, também está concluída. Segundo o presidente da Associação de Cidadãos Lojistas e Usuários da Galeria dos Estados (Aclug), Gabriel Melo, em média, cerca de 200 mil pessoas passam por ali, em circunstâncias normais — antes da pandemia.
Com a entrega da Galeria dos Estados, a Secretaria das Cidades liberou a ocupação para todas as lojas que têm permissão de funcionar na região. Além disso, a pasta publicou no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) a ordem de serviço que autoriza a licitação para a ocupação das salas que estão há anos fechadas. De acordo com o Executivo local, um grupo de trabalho foi criado para elaborar portaria que definirá as atividades a serem executadas no espaço. Não há previsão para a publicação do edital.
A notícia do fim da reforma e da possibilidade de reabertura de todas as salas trouxe uma perspectiva positiva para os lojistas. “Ter tudo aberto aqui é ótimo. Vai melhorar o fluxo de gente e, com a reforma, a tendência é melhorar”, destaca Luiz Gonzaga de Freitas, 70 anos, dono de uma loja de sapatos no local. Ele trabalha ali há mais de 20 anos e avalia que os últimos três anos foram os mais difíceis para o negócio. “Muitas provações financeiras, o movimento caiu muito e veio a pandemia. Eu me agarro na esperança de que o dia de amanhã será melhor”, diz.
Para o engraxate Isac de Matos, 63, a partir da queda do viaduto, tudo desandou na Galeria dos Estados. “Muita gente deixou de passar por aqui. Antes, eu engraxava 35 pares de sapatos, agora, não consigo nem três. Espero que, com as novas lojas, melhore.” Arthur de Almeida Souza, 49, também comemora. Dono de uma loja de roupas e um dos diretores da Associação dos Lojistas da Galeria dos Estados (Alog), ele conta que a chegada de novos estabelecimentos na região é positiva. “Será um atrativo a mais para os clientes, isso é bom para todos. Mas os lojistas poderiam participar da comissão e também opinar, ter um posicionamento mais ativo nesta licitação”, defende.
Para a vendedora Gildenis Viana dos Santos, 40, o fim da reforma é um alívio. “Estava sendo muito desgastante. Muito barulho, poeira, não conseguia nem atender ao telefone ou falar com os clientes. Tinha dias que nem dava vontade de vir. Ainda bem que está terminando”, celebra. Ela começou a trabalhar na loja de cosméticos pouco antes do desabamento. Para Gildenis, o maior impacto nos últimos anos não foi o acidente viário, mas a pandemia. “As pessoas estão em home office”, diz.
O presidente da Alog, Laércio Moura Júnior, está admirado com a revitalização. “A criação de uma praça na parte externa possibilitará a realização de eventos culturais. Vamos dar vida ao espaço, que é um ponto importante da cidade. Vamos voltar com mais qualidade”, destaca, referindo-se à praça entregue em junho pelo GDF.
Sobre a entrega da passagem subterrânea e o anúncio da licitação, Laercio encara como uma conquista. “Após a entrega, a associação é responsável pela manutenção, banheiro e segurança da Galeria dos Estados. Com a totalidade das lojas em funcionamento, os custos poderão ser rateados com um peso menor para cada comerciante”, destaca.