Maus-tratos

Dona de creche dopava crianças colocando remédios em refeições, afirma polícia

A mulher alega ter sido vítima de armação, no entanto, a polícia indica que há provas quanto ao uso de medicação para induzir as crianças ao sono

A dona de uma creche irregular no Cruzeiro Velho é acusada de dopar crianças, de 9 meses a 3 anos, por meio de alimentos que eram oferecidos no local. Agentes da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) conseguiram comprovar que as vítimas eram medicadas pela acusada, de 38 anos, após uma denúncia anônima. Ela acabou detida na terça-feira (25/8) e autuada por maus-tratos, cuja pena varia de três meses a um ano de prisão. 

Segundo o delegado-chefe Ricardo Viana, a suspeita utilizava os remédios para que as crianças dormissem durante o período que ficavam na instituição, que funcionava na casa dela. “Ela injetava as medicações em lanches das crianças que, após o consumo, dormiam e traziam maior sossego à proprietária. Ontem (25), fomos até o local com o objetivo de fechar a creche ilegal, e encontramos remédios com a suspeita”, explica. 

Na casa, a mulher tinha diversos remédios, como xarope para tosse, complexo vitamínico, e corticoides de uso  anti-inflamatório, antirreumático e antialérgico. A ação teve apoio do Conselho Tutelar do Cruzeiro, bem como do DF Legal. Em conversa, a acusada alega, contudo, que as medicações eram para o filho. “Meu filho toma xarope de vez em quando, para comer. As medicações também são para mim. Estou chocada com o que aconteceu e com muito medo. As pessoas passam por mim e minha família olhando torto. Fico assustada, temendo ser apedrejada ao sair para a rua”, relata a suspeita. 

“Cuidava de cinco criancinhas, e ficava com elas horas a mais, só para ajudar os pais. Tenho um filho pequeno e tudo o que faço é para sobreviver. A polícia errou ao divulgar o caso assim, sem nenhuma prova. Não é porque sou informal que poderia ser exposta desse modo. Apesar de todo o esforço, me jogaram como criminosa”, continua. 

A acusada destaca que vai contratar um advogado de defesa para atuar no caso. “Uma das mães foi diagnosticada com covid-19 e queria que eu continuasse cuidando do filho dela, mas me neguei. Ela disse que ia fazer de tudo para me prejudicar. Sou inocente, sempre fui inocente e não maltrato ninguém. Não seria capaz de fazer algo assim. Então, tudo o que ocorreu me abalou muito, não consigo dormir ou comer”, finaliza a proprietária da creche. 

Sobre a versão apresentada pela mulher, de falta de provas do uso indiscriminado de medicações para induzir as crianças ao sono, o delegado Ricardo Viana limita-se a informar que “há provas contundentes e sérias, que comprovam a acusação, mas está tudo sob sigilo e não será divulgado”.