Mais de 52 mil pessoas participam, entre hoje e amanhã, do primeiro turno da votação para escolha dos novos representantes da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB). O processo ocorre em meio exclusivamente virtual. Entre 53,6 mil estudantes, professores e técnicos administrativos com direito a voto, 97% estão aptos a fazer parte da consulta. A disputa será entre integrantes de quatro chapas. Caso nenhuma delas alcance a maioria absoluta de votos, haverá segunda consulta, em 8 e 9 de setembro.
Ontem, os candidatos participaram do último debate pela internet antes do primeiro turno. Durante duas horas, eles detalharam os planos para a gestão e responderam perguntas encaminhadas por concorrentes, além de internautas. O encontro teve mediação da jornalista Ana Paula Lisboa, subeditora da seção Eu, Estudante, do Correio. Entre os temas discutidos entraram orçamento e modernização da universidade, atuação do corpo técnico-administrativo, diversidade, assim como normas federais que afetam os recursos.
A votação tem caráter consultivo. A decisão final fica a critério do Ministério da Educação, que terá de escolher um dos integrantes da lista tríplice apresentada pelo Conselho Universitário (Consuni) da UnB. A relação com os nomes indicados tem previsão de ser enviada ao órgão em 17 de setembro. Ao presidente da República, Jair Bolsonaro, caberá a nomeação. Tradicionalmente, o primeiro colocado nas eleições é escolhido para o cargo. Mas o mandatário pode optar por outro nome. O período de gestão vai até 2024.
Discussão
Primeiro a ter a palavra no debate, Jaime Santana, da chapa UnB Pode Muito Mais, considera que há potencial para ser desenvolvido na instituição. Ele e o parceiro na disputa, Gilberto Lacerda, apoiam um olhar direcionado à qualidade de ensino. “Não podemos continuar perdendo oportunidades e tendo lentidão nas propostas”, disse Jaime. “Precisamos estar abertos para o mundo. Não me refiro só aos rankings internacionais, mas aos critérios estabelecidos para que uma universidade seja considerada inclusiva e de excelência”, completou Gilberto.
Candidatos à reeleição, a reitora Márcia Abrahão e o vice-reitor Enrique Huelva falaram sobre as intenções de continuar o trabalho desenvolvido desde 2016. “Sempre buscamos o consenso dentro da nossa universidade. Nos últimos anos, a nossa gestão procurou resgatar essa vocação original da UnB”, afirmou Márcia. “Prestes a terminar o nosso mandato, entregamos o prometido, e fomos além. Conseguimos demonstrar que é possível ser uma instituição de excelência, sem deixar de lado a inclusão. Entregamos resultados eficientes, mesmo em um cenário adverso”, destacou Enrique.
Candidata ao Palácio do Buriti pelo PSol nas eleições de 2018, Fátima Sousa concorre ao lado de Elmira Simeão. As professoras ressaltaram a promoção da saúde nos quatro câmpus e o fortalecimento da integração da UnB com a comunidade e com Brasília. “As nossas decisões serão sempre participativas, em defesa dos mais vulneráveis. Não queremos mais do mesmo e não retornaremos ao passado”, declarou Fátima. Elmira reforçou os compromissos da campanha: “Lutaremos juntos à comunidade para que não tenhamos nenhum interventor na UnB. Faremos uma gestão profundamente democrática”, acrescentou.
Virgílio Arraes e Suélia Fleury defenderam que o momento é “crucial” para renovação. “A UnB tem papel importante para superação dessa crise (econômica e sanitária). A chapa acredita no papel da universidade pública. Não apresentamos propostas ilusórias, demagógicas. Estamos aqui para contribuir”, pontuou o candidato. “Prezamos pela convivência e por buscar entender quais são as necessidades das pessoas e dos indivíduos que compõem a nossa UnB. Seremos uma liderança em defesa incondicional da nossa universidade pública”, salientou Suélia.
Reivindicações
Servidores técnicos, professores e estudantes têm pautas de reivindicações extensas. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães elenca as principais demandas, segundo avaliação da entidade. “Construímos essa carta de princípios e reivindicações em que listamos diversos temas, como necessidade de gestão democrática para enfrentar crises, defesa da autonomia da UnB e a ampliação de programas de assistência estudantil”, detalhou Bruno Zaidan, coordenador-geral do DCE. “Também é uma questão importantíssima o combate às fraudes no sistema de cotas.”
Capacitação acadêmica e mais participação nas decisões administrativas são alguns dos pontos levantados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (SintFub), além de plano de saúde e melhores condições de trabalho. “Precisamos de investimento na qualificação e capacitação acadêmica dos servidores técnico-administrativos. Pedimos que a próxima administração nos possibilite participar da pós, do mestrado e do doutorado”, ressaltou Edmilson Lima, coordenador-geral do SintFub.