Caso Marinésio

'Perdi meu apoio e meu amor', desabafa marido de Letícia Curado

Advogada foi morta por Marinésio dos Santos Olinto. Um ano após crime que chocou DF, ele ainda não foi julgado pelo feminicídio

"Eu perdi meu apoio, minha esposa, eu perdi meu amor." Um ano após a morte de Letícia Curado, 26 anos, o viúvo da jovem advogada conta como está a vida longe da companheira. Ela foi assassinada pelo cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 42 anos, na manhã de 23 de agosto de 2019. Em um vídeo enviado ao Correio, ele descreve o que mudou no último ano.

Kaio Fonseca Curado de Melo, 26 anos, companheiro de Letícia continua cuidando do filho do casal, hoje com 4 anos, e relata que o sofrimento ainda é muito. Mesmo que a criança já entenda que não vai mais ver a mãe, ele pergunta e fala dela com frequência. "Ele já tem consciência que a mãe dele está no céu, que ela morreu", afirma. 

"Esses dias ele virou pra mim e falou vamos mandar uma balinha pra mamãe? Colocar no foguete e mandar pro céu pra ela ter uma balinha também. Essas coisas são lindas da parte dele, mas ainda dói muito."

Emocionado, Kaio conta que a vida virou de cabeça para baixo após a morte de Letícia. Ele deixou o apartamento onde morava com a companheira, e não consegue olhar para a parada de ônibus onde Letícia pegou a carona com Marinésio. "Ela organizava toda minha vida. É uma dor que você acaba se acostumando com ela, mas ela está sempre guardada no meio do peito. Lembranças que vem dela, a lágrima cai. Muito difícil pensar assim em um ano sem ela."

Lembre o caso

Segundo as investigações da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) Marinésio atacou, enforcou e asfixiou Letícia e depois jogou o corpo dela em um matagal próximo a Planaltina. Ele foi preso no dia seguinte. Imagens de câmeras da região ajudaram a polícia a chegar ao autor do crime e mostram o momento em que a jovem entrou no carro do cozinheiro, em frente à parada de ônibus. No carro, a polícia encontrou objetos que pertenciam a Letícia.

Depois de contar à polícia onde estava o corpo de jovem, ele admitiu ter matado também Genir Pereira Sousa, 47. Após a divulgação de vídeos e fotos de Marinésio, outras mulheres procuraram a Polícia Civil para denunciar abusos e estupros cometidos pelo cozinheiro. Conforme o Correio apurou, atualmente, Marinésio responde pelas mortes de Letícia e Genir e por cinco crimes de violência sexual, três de Planaltina, um de Sobradinho e outro do Paranoá.

Apesar de ter confessado ambos os crimes, Marinésio ainda não passou por julgamento junto ao tribunal do júri. A data tampouco está marcada. Na sexta-feira (28/8), o cozinheiro terá audiência sobre três casos de abuso sexual. Em uma das acusações, ele teria atacado duas irmãs, de 18 e de 21 anos, um dia após o assassinato de Letícia Curado.

Marinésio está preso na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF1). De acordo com o advogado do cozinheiro, Marcos Venício Fernandes Aredes, a imagem de que Marinésio é um monstro não existe. "Ele confessou, para mim, que, depois que fez 41 anos, passou a ter um apetite sexual revigorado. Nunca pensou em matar ninguém, mas aconteceu e ele não consegue explicar", afirma. Marcos ainda completa que o acusado teve problemas psicológicos e que costumava ter "apagões" quando cometia os crimes.