A fim de tentar ajudar quem está desempregado ou não tem uma renda fixa, como o caso dos trabalhadores informais e autônomos, o governo federal disponibilizou o auxílio emergencial de R$ 600. Com o mesmo intuito, o Governo do Distrito Federal lançou o Renda Emergencial no valor de R$ 408. Deste, podem ser beneficiárias famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 522,50). O programa garante o benefício durante 60 dias, podendo ser prorrogado por mais um mês. Segundo o Executivo local, até agosto, 3.527 pessoas receberam o benefício.
Adiel de Moraes, 40, foi uma das pessoas que recorreu ao auxílio emergencial do GDF. Antes da pandemia, ele atuava como revendedor de produtos alimentícios para supermercados. Com o início da pandemia, a fábrica que lhe fornecia os itens fechou. Por isso, virou mestre de obras. “Tinha experiência no ramo e, como perdi o outro emprego, decidi focar nessa área”, diz. Ele declara que não é o emprego dos sonhos nem o mais lucrativo, mas foi a alternativa encontrada para driblar a crise. “Não dá muito dinheiro, mas era o que eu tinha para pagar as contas e alimentar a família”, explica.
O autônomo mora em um apartamento em Taguatinga Sul com a esposa e uma filha de 10 meses de idade. “No início, tinha alguns serviços agendados que foram cancelados, pois os clientes tinham medo de entrar em contato com outras pessoas, por conta do novo coronavírus. Cheguei a ficar 13 dias parado, sem fazer nada, até arranjar outras demandas”, diz. A esposa do mestre de obras é advogada e está trabalhando, mas ele afirma que a renda não é suficiente para dar segurança financeira à família. “As despesas com a criança são muito grandes e ainda há as outras contas que precisamos pagar, além de alimentação. É necessário o salário dos dois para conseguirmos arcar com tudo e não sobra muito”, confirma.
Por causa da instabilidade do novo trabalho e da necessidade de complementar a renda familiar, Adiel recorreu ao programa Renda Emergencial disponibilizado pelo governo local. Ele afirma que o pedido foi aprovado, mas ainda aguarda o recebimento do benefício. “O trabalho está difícil, mas as contas não param de chegar. Por isso, o valor será de grande ajuda para a minha família, pois, atualmente, trabalhamos muito e mesmo assim ficamos apertados ao fim do mês”, conta o mestre de obras.
Davi Diogenes, 47, é ambulante há mais de quatro anos e também viu a arrecadação cair nos últimos cinco meses. Ele costuma vender frutas em um semáforo na quadra 715 da Asa Sul e conta que, por várias vezes precisou trabalhar em dias não planejados, pois não tinha dinheiro suficiente para fechar as contas do mês. “Em situações normais, eu trabalho de segunda a sexta-feira. No entanto, com a crise, eu e minha esposa tivemos que sair em diversos finais de semana para conseguirmos um dinheiro a mais”, diz. Davi acorda às 6h da manhã e vai para a Asa Sul no próprio carro com a esposa, também ambulante. A mulher fica em um ponto, também na região, e ele, em outro. O maior desafio, para Davi, é evitar ter prejuízo. “Não podemos voltar com as frutas”, explica.
Ele mora em Luziânia com a esposa e a filha de 12 anos. Segundo Davi, se não fosse o auxílio emergencial de R$ 600, a situação estaria pior. “As vendas caíram demais, então, minha renda varia muito, não tem como ter uma segurança”, diz. Por isso, o valor do benefício o ajudou a segurar a situação econômica da família. “É uma ajuda muito bem-vinda, não sei onde estaria hoje, se não estivesse recebendo o valor. O complemento faz uma grande diferença”, afirma o ambulante.
Complemento
Segundo o economista e professor do departamento de economia da UnB Carlos Alberto Ramos, o valor do auxílio emergencial, seja do estado ou governo federal, não tem pretensão de ser uma fonte de renda, mas, sim, de complemento. “Os valores adotados visam evitar o empobrecimento. Por isso, em média e individualmente, o benefício está adequado”, explica. Ele ressalta que depende de cada caso e de cada família. “Claro que é necessário analisar individualmente cada beneficiário. De forma geral, os R$ 600 ou os R$ 408 são uma grande ajuda no momento atual”, declara.
Carlos Alberto ainda diz que os trabalhadores informais são o público-alvo da ação do governo. “Geralmente, são pessoas que não têm uma fonte de renda fixa e, com o auxílio, podem ter uma segurança maior”, afirma.
Como ser microempreendedor
Para se transformar juridicamente em um microempreendedor, é fácil. Basta acessar o site portaldoempreendedor.com.br e realizar o cadastro. Em alguns minutos, é possível conseguir o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e, assim, abrir uma conta no banco para a empresa, emitir notas fiscais e buscar empréstimos. O mais complicado é o processo até a transformação. O ciclo natural da crise é assim, há um impacto muito grande no desemprego, as pessoas correm para a informalidade, algumas se identificam e tentam transformar o trabalho informal em um negócio.
Para ter sucesso, duas dicas são essenciais. Primeiro, ter identificação com a negócio, seguir a vocação. O microempreendedor é aquele que faz tudo dentro da empresa, então tem interação constante com o tema. Caso ele goste do que está fazendo, o negócio vai durar.
Em segundo lugar, é importante conhecer o mercado em que está se inserindo. É preciso saber quem são os clientes, fornecedores e concorrentes. A partir deste ponto, é possível montar um bom plano de negócios e se programar para alcançar as metas estabelecidas. Além disso, é importante inovar e estar em constante aprendizado para acompanhar as mudanças no mercado. E, é claro, não ter medo de quebrar, mas sim, a certeza de que é possível dar a volta por cima.
Fonte: Valdir Oliveira,
diretor-superintendente do Sebrae
Perfil dos trabalhadores do DF, em junho de 2020
299 mil
estão no setor público
541 mil
estão no setor privado
840 mil
total de pessoas com salários fixos
190 mil
são autônomos
70 mil
são empregados domésticos
90 mil
estão em outras posições como: empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração e profissionais liberais
Total
1,190 milhão
de pessoas ocupadas no DF
Fonte: Codeplan