Tecnologia

Novo sistema da polícia ajuda a reconhecer armas usadas em crimes

Além do DF, as polícias de Goiás, Bahia, Minas Gerais e a Polícia Federal usam uma técnica semelhante para elucidar infrações cometidas com arma de fogo

Um sistema usado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal consegue identificar as armas usadas em crimes cometidos na capital federal. O método começou a ser usado em janeiro deste ano e já concluiu 45 laudos de inteligência pericial. Além do DF, apenas a polícia de Goiás, Bahia, Minas Gerais e a Polícia Federal usam uma técnica semelhante para elucidar infrações cometidas com arma de fogo.

Por meio do sistema Evofinder – dispositivo de digitalização, análise e comparação balística –, a Polícia Civil descobriu que uma arma apreendida em Ceilândia havia sido usada numa tentativa de homicídio, em 2019, no Paranoá. Em outro caso, uma arma apreendida em Samambaia foi associada a uma vítima de homicídio em São Sebastião.

Essas associações entre armas apreendidas e o uso em outros crimes deve aumentar nos próximos meses com o uso do sistema, que funciona como uma espécie de scanner de elementos balísticos, cuja alimentação de dados vem sendo incrementada desde o início deste ano.

No total, já foram 45 casos positivados, ou seja, armas apreendidas em 2020 que foram usadas para cometer crimes antes da sua última apreensão. O incremento do uso desse sistema busca melhorar o trabalho dos Peritos Criminais.

Um dos 44 Laudos de Inteligência Pericial emitidos permitiu vincular o uso da mesma arma a um homicídio ocorrido em 2014. A informação é mais um elemento a ser usado pela Polícia Civil no trabalho de investigação, com base na prova pericial produzida pelos especialistas do Instituto de Criminalística.

Perito criminal e chefe da Seção de Balística Forense do DF, Eduardo Borges contou que o sistema foi adquirido desde 2010, mas faltava equipe para operá-lo. Com a convocação de novos peritos em 2019, o sistema começou a funcionar para auxiliar na elucidação de crimes na capital federal.

Material

Eduardo explicou que a identificação pode ser feita por meio dos fragmentos de projéteis expelidos de uma arma de fogo após um tiro. “Aquele material guarda informações e consegue particularizar de que arma saiu. O perito pega e é como se a arma deixasse o DNA dela ali”, detalha o perito.

Após colhido, o material é encaminhado para a seção de coleta e o sistema ajuda a fazer correlação com uma lista de possibilidades e, com o resultado, é possível chegar ao autor dos disparos. “Conseguimos identificar se a arma foi usada em outros crimes e se o autor é o mesmo. O resultado sai quase que imediatamente, no mais tardar na semana seguinte”, destacou Eduardo.

Para ele, o uso de tecnologia é fundamental para o trabalho da polícia e da perícia. “Querendo ou não, é um avanço tecnológico. Temos a prerrogativa de que todas as armas que são apreendidas passam por nós. Então, temos elementos balísticos para isso”, completou o perito.