O clima seco e quente, característico do mês de agosto, tem levado muitos brasilienses a procurar alternativas para amenizar o calor. Nesta quinta-feira (20/8), a temperatura máxima chegou a 31,4°C e a umidade relativa do ar a 20%, de acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A previsão para hoje é de temperaturas a 31°C e umidade em torno dos 25%. Desde o início do mês, o Distrito Federal mantém-se em estado climatológico de “atenção”, devido à baixa umidade.
Porém, a chegada de uma massa de ar frio vinda da região Sul do país pode aliviar um pouco a temperatura na capital. Segundo o meteorologista do Inmet Francisco de Assis Dinis, essa frente fria deve interferir no calor, mas não tanto. “No domingo que a temperatura cai um pouco, chegando a 25°C e a umidade a 35%. Há uma possibilidade de chuva para o final da tarde em algumas regiões do DF. Na segunda e terça-feira, o clima frio ainda se mantém, com mínima podendo chegar a 11°C”, explica Assis. No entanto, no fim do mês a temperatura tende a subir novamente e a umidade pode chegar a 15%.
De acordo com o meteorologista, setembro também será marcado pelo clima quente e seco. E para aliviar esse calor, os brasilienses têm procurado refúgio na orla do Lago Paranoá e nos parques mais arborizados da capital. Desde o início de julho, 18 parques administrados pela Brasília Ambiental estão abertos para receber o público. Entre os espaços estão: o Parque das Garças, o Parque Ecológico da Lago Norte, Arie do Bosque, Península e Asa Delta no Lago Sul, e a Ermida Dom Bosco. Todos esses têm acesso ao lago e podem servir de alternativas para quem quer entrar na água ou aproveitar para curtir o ar livre embaixo de alguma sombra.
A superintendente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rejane Pieratti, explica que a procura tem sido grande nessas áreas, mas é bem inferior ao número de frequentadores que costumava ir antes da pandemia. “O fluxo está bem menor, até porque tem muita gente que ainda está preferindo ficar em casa”, pontua. Rejane conta que a Ermida Dom Bosco é um dos atrativos que tem mais atraído os brasilienses. “Temos uma movimentação boa lá. E, claro, com todas as orientações para evitar o contágio da covid-19. O uso de máscara é obrigatório para entrar nos parques”, ressalta.
Para a farmacêutica Gabriela Moreira da Silva, 25 anos, a ida à orla do lago é um remédio não só para o calor, mas, também, para a mente. “Aliviar a cabeça é bom. Passar todo esse tempo em casa é muito cansativo. Ver a natureza faz um bem danado”, relata. Moradora de São Sebastião, ela tem feito uma rotina as saídas para o lago, na altura da Ponte JK. “Estou indo uma vez na semana. Nos dias que tem pouca gente, como segunda ou terça-feira. Como trabalho no período noturno, dá para descansar de manhã e aproveitar à tarde”, pontua.
Gabriela conta que tem visto bastantes famílias com criança nos dias que vai ao lago. “Todos de máscaras e sem aglomeração. O bom do ar livre é isso. Posso escolher um canto com menos gente e, se encher, vou embora”, destaca ela, que vai sozinha mesmo. Uma outra alternativa que quer adotar é ir para o Parque da Cidade andar de patins. “Lá é grande, tem bastante espaço, acredito que será tranquilo de manter o distanciamento entre as pessoas.”
Prainha
Também morador de São Sebastião, o atendente Jonatan Santos Gomes, 28, resolveu quebrar a quarentena e levar os filhos para nadar no lago. “As crianças estavam muito inquietas dentro de casa e, como o dia estava muito quente, decidi fazer esse passeio”, relata ele, que rodou um pouco antes de escolher o local. “Queria um que não tivesse muito movimento. Estamos seguindo todas as medidas de prevenção contra o coronavírus, e aqui, na Concha Acústica, foi o local que tinha menos gente”, explicou. As crianças curtiram bastante o passeio. Alice, 3, Bernardo, 2, e Nicolas, 8, fizeram a festa dentro da água que estava fresca na tarde de ontem.
A prainha do Lago Norte também tem sido um roteiro comum entre os brasilienses nesse período de seca. “O calor está expulsando a gente de casa”, brinca a moradora do Paranoá Rosiney G. Souza, 29, que aproveitou as altas temperaturas para curtir o lago com os dois filhos e uma amiga, Érica Frazão. “Não é sempre que a gente sai, mas as crianças estavam muito energizadas. As brincadeiras dentro de casa não estavam mais funcionando”, conta. “Estamos aqui com um frasco de álcool em gel, protetor, máscara facial que só tiramos quando chegamos aqui. Até os meninos já têm consciência de que não pode brincar com outros coleguinhas para não pegar o coronavírus”, destaca.
Sem entrar na água, o casal Fernando Cavalcante de Souza e Lúcia Andreia da Silva, ambos 40 anos, aproveitou o dia na sombra deitado na rede de frente para o lago. Os dois são funcionários de laboratório de exames e aproveitaram a folga para relaxar um pouco. “Ficar dentro de casa a gente acaba ficando doente da cabeça. Foge da covid-19, mas adoece em outro ponto”, afirma Fernando. “Escolhemos um lugar mais afastado, estamos com o álcool em gel sempre no bolso, higienizamos tudo”, ressalta.
Para a infectologista Joana Darc Gonçalves da Silva, as saídas para locais ao ar livre são menos nocivas do que os passeios em ambientes fechados. “A probabilidade de contaminação é bem menor. O ponto chave, nesse momento, é manter o distanciamento entre as pessoas. Procurar ir em um grupo menor, só com membros da família e evitar locais muito cheios”, alertou.