Zoonose

Transmitida por animais, a brucelose humana pode causar incapacitação

A Saúde alerta para essa infecção de origem animal que pode afetar diversos órgãos e sistemas, ocasionando até a morte. Saiba quais são as causas, forma de transmissão e sintomas

A brucelose humana é uma infecção de origem animal causada por bactérias do gênero Brucella ssp, e pode ser transmitida por contato direto ou indireto com animais e seus produtos derivados que estejam contaminados. A ingestão de leite não pasteurizado ou até mesmo uma carne mal passada podem servir como potenciais transmissores da doença.

De acordo com órgãos de saúde, a doença é responsável pela incapacidade para o trabalho ou diminuição do rendimento profissional e atinge, principalmente, trabalhadores rurais, como vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais e produtores de carne, leite e queijo, além de veterinários, funcionários de frigorífico e de laboratórios, e quem estiver em contato com o animal doente.

Considerada uma das zoonoses com alta prevalência na América do Sul, essa infecção afeta milhares de pessoas em todo o mundo e pode matar ou mesmo levar a doenças crônicas com sintomas tardios ao longo da vida. No Distrito Federal, um caso já foi registrado no ano passado, devido ao consumo de um alimento contaminado.

Um dos principais alertas para a doença é que a bactéria conta com várias rotas de infecção, o que gera um difícil controle e entendimento real da ameaça à saúde pública.

Transmissão

A brucelose pode ser transmitida aos seres humanos de diversas formas, sendo uma das principais pela via alimentar. A enfermeira da área técnica das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, Rosa Maria Mossri explica os principais meios de contaminações.

“Carne mal passada ou crua, leite cru e derivados lácteos como queijo e manteiga que não passaram pelas medidas de higiene adequadas dos órgãos de saúde. Por isso é importante verificar rótulos e se está tudo correto nas embalagens”, orienta Rosa.

De acordo com a especialista, outra forma de transmissão é por via respiratória, com a inalação de bactérias em ambientes contaminados. Pode ocorrer, ainda, com o contato pela aplicação de vacina em animais em acidentes de trabalho.

Sintomas

Com a capacidade para afetar diversos órgãos e sistemas, a brucelose humana pode se assemelhar a outras infecções e doenças não infecciosas. Alguns dos sinais e sintomas mais comuns são:

• sudorese noturna;
• calafrios;
• anorexia;
• fraqueza;
• cansaço;
• perda de peso;
• dores (de cabeça, articulares, musculares, no abdômen e nas costas)

Por serem sinais e sintomas comuns a outras doenças, isso pode dificultar o diagnóstico. No entanto, a doença pode causar sintomas inespecíficos ou gerar uma infecção sem sintomas nos pacientes.

“Por isso é importante investigar a história epidemiológica e sanitária, como ingestão de alimentos provenientes de animais infectados, contato com produto de origem animal contaminado, exposição à cepa vacinal B19 ou R B51 e contato de escoriações ou feridas na pele com tecidos animais, sangue, urina, secreções vaginais, fetos abortados e, especialmente, placentas”, detalha Rosa Maria Mossri.

O período de incubação da brucelose humana varia entre cinco e 60 dias, podendo durar por até dois anos.



Tratamento


O tratamento da brucelose humana é feito com antibióticos e de acordo com a avaliação clínica e do tipo de exposição do paciente. Se a doença não for tratada adequadamente, pode se tornar crônica. A orientação é que, assim que surgirem os primeiros sintomas é essencial procurar um médico profissional para avaliação detalhada.

“Pacientes com sintomatologia compatível com brucelose, com história epidemiológica sugestiva, devem procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para elucidação diagnóstica”, informa a especialista.


Prevenção


Não existe vacina efetiva. Entre outras medidas, a prevenção da brucelose humana pode ocorrer evitando o contato direto ou indireto com animais doentes ou potencialmente contaminados e seus produtos derivados. Outras medidas importantes para evitar a doença são:

• consumir apenas leite fervido ou pasteurizado;
• consumir derivados de leite preparados com leite fervido ou pasteurizado;
• consumir carne, vísceras e derivados de carne sempre bem cozidas;
• manter uma boa higiene e desinfecção dos locais de produção animal e de produtos derivados;
• utilizar corretamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) determinados para cada atividade laboral específica;
• não alimentar cães e outros animais com produtos de origem animal crus

Estas medidas devem estar de acordo com o que é definido na legislação específica, como o Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal e o Manual de Legislação de Saúde Animal, ambos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Com informações da Secretaria de Saúde