Após mais de cinco meses do primeiro diagnóstico do novo coronavírus, o Distrito Federal chegou na fase da pandemia em que o número máximo de casos, mortes e hospitalizações será registrado diariamente. Nos próximos dias, a tendência é que ocorra a redução gradual das notificações, entretanto, ainda não há motivo para descuido.
A fase atual da pandemia é chamada de pico. Desde julho, segundo especialistas e a Secretaria de Saúde, a capital passa por esse cenário em relação ao número de diagnósticos. Entretanto, ainda não é possível determinar o fim dele. De acordo com Paulo Angelo Alves Resende, um dos coordenadores do Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 da Universidade de Brasília (PrEpidemia), a doença apresentou uma leve aceleração de reprodução, porém, ainda não é possível concluir se esse fator é real.
“O governo teve um problema com a testagem. Isso gera uma pequena oscilação do número de reprodução estimado. Na próxima semana, divulgaremos uma próxima análise e será possível afirmar se houve ou não o aumento”, explicou Paulo. O especialista considera que, de acordo com as projeções, a quantidade de casos deve começar a cair em um período próximo.
Em contrapartida, Paulo ressalta que muitas pessoas vão ser contaminadas até que ocorra uma redução real de casos. “Não podemos descansar até o fim da pandemia”, frisou. De acordo com ele, um passo importante para que ocorra essa melhora é o investimento em vigilância epidemiológica. “Apesar de estarmos no pico, mantemos uma quantidade muito grande de infectados. Por isso, é importante isolar essas pessoas precocemente e evitar novas contaminações”, comentou
Mortes
Como o período de exposição ao novo coronavírus até a morte (nos casos mais graves) é de 20 dias, o pico da pandemia começa pelo de diagnósticos para, em seguida, vir o de óbitos. De acordo com o Paulo, essa fase relacionado à quantidade de vítimas teve início no Distrito Federal e deve durar até o fim do mês, quando o número pode começar a cair.
Na terça (11/8) e quarta-feira (12/8), a capital bateu recorde da quantidade de vítimas registradas em 24 horas, 47 e 54, respectivamente. Apesar da alta, o especialista explica que a contagem de óbitos oscila. “Às vezes, a pessoa morre hoje e demora para chegar o resultado do exame. A gente leva tudo isso em consideração para fazer as projeções”, comentou.
Em relação à quantidade de hospitalizações, Paulo considera que o pico de internações começou no fim de julho e deve se manter nas primeiras semanas de agosto. “Ainda terá um intervalo para começar a descer. Como oscila um pouco, o período de permanência deve ser de três semanas. Essa é nossa expectativa”, frisou.
O especialista ainda acrescenta que todo trabalho feito pelo PrEpidemia utiliza métodos de aproximação mais próximos da realidade. “O que esperamos é que passemos pelo pico de hospitalização e de infectados e que estamos no início do de óbitos”, esclareceu.
Fase crítica
Nas redes sociais, o secretário de Saúde, Francisco Araújo Filho, publicou um vídeo, na tarde desta quinta-feira (13/8), em que caracteriza que a pandemia no Distrito Federal está em fase crítica. De acordo com ele, a capital passa pelo platô, período em que a maior quantidade de casos será registrada diariamente, até que ocorra uma queda.
Francisco reforçou que, nesse momento, é fundamental que as pessoas obedeçam as orientações sanitárias para que ocorra a redução do contágio. “É fundamental que a população, agora, comece a fazer mais ainda a sua parte”, frisou.
No vídeo divulgado, o secretário orienta que as pessoas mantenham a higienização das mãos, como o uso do álcool em gel, usem máscara e obedeçam o distanciamento social. Segundo Francisco, as medidas são essenciais para que proteger a própria vida e a do próximo.
Incidência
O número de casos do novo coronavírus continua a crescer diariamente no Distrito Federal. Nesta quinta-feira (13/8), a capital registrou 1.986 diagnósticos da doença e 33 mortes. Com os novos registros, a quantidade de infectados chegou a 131.170 e a de mortos a 1.742.
Além das mortes de moradores do Distrito Federal, a Secretaria de Saúde ainda contabiliza o óbito de 163 pessoas de outras unidades da Federação que faleceram em hospitais da capital. Com os registros, a quantidade de vítimas que perderam a vida para a covid-19 passa para 1.905.